Preços da carne e do pão voltarão a subir

Leia em 2min 40s

Insumos ficam mais caros no atacado; repasse no varejo ocorre nos próximos meses

Câmbio eleva preço de importados, como trigo; legumes e frutas devem cair e manter inflação perto da média histórica

 A alta dos preços agropecuários no atacado deve chegar ao consumidor nos próximos meses. Ele sentirá mais no bolso o peso da carne bovina, do frango e de derivados do trigo, como a farinha, massas e o pão francês.

Após subirem 0,57% em junho, os preços agrícolas no atacado aceleraram para 0,80% em julho, segundo o IGP-10, da FGV.

Para o consumidor, o repasse deve se concentrar em agosto e em setembro, quando o grupo alimentos e bebidas mostrará taxas de 0,16% e 0,49% no IPCA, segundo estimativa da LCA Consultores.

"Considerando a deflação do grupo de 0,27% que deve ser registrada em julho, as altas dos meses seguintes não são desprezíveis", diz Fabio Romão, economista da LCA.

O alívio de julho deve-se a novas quedas no preço do tomate --o vilão da inflação no primeiro trimestre-- e a reduções no valor da batata e de frutas, que subiram acima do habitual nos últimos meses e devem voltar à normalidade.

Nos dois meses seguintes, porém, as carnes e os derivados de trigo exercerão pressão contrária sobre a inflação no varejo. Nas últimas medições de preços no atacado, esses itens estiveram entre os destaques de alta.

Segundo Romão, a inflação de alimentos ficará no teto da média histórica para o período nos próximos meses, mas longe dos patamares de 2012. No ano passado, a seca na América do Sul e nos EUA reduziu drasticamente a produção de grãos, impactando os alimentos em geral.

No IGP-10 divulgado ontem, os preços no atacado dos bovinos subiram 2% em julho, ante deflação de 0,8% no mês anterior. O movimento reflete a alta do boi gordo, de 4% só neste mês, segundo a Informa Economics FNP.

O inverno úmido desestimula a venda de animais para o abate, pois melhora as condições das pastagens, reduzindo a oferta de bovinos para os frigoríficos.

As aves, que aceleraram de -7% para -0,4%, refletem um ajuste na oferta dos animais, depois de os preços do frango terem atingido níveis baixos no início deste ano.

Como os preços da ave viva continuam subindo --pesquisa da Folha aponta alta de 19% em 30 dias em São Paulo--, espera-se novos reajustes no atacado e varejo.

Os derivados de trigo também são candidatos a aumentos de preços. Em sete dias, a saca de 60 quilos do cereal subiu 8% no país, segundo a Folha. Levantamento da GO Associados confirma a tendência, com reajuste de 5% do trigo no atacado em julho.

"O repasse ao consumidor deve chegar entre 30 e 60 dias", diz Fábio Silveira, economista da GO Associados.

Pelo menos 60% do trigo consumido no país é importado, e o principal fornecedor, a Argentina, decidiu barrar as exportações para conter os preços internos de derivados.

A medida encontrou os estoques no pior nível dos últimos anos no Brasil --73% menores do que há um ano. Espera-se aumento de 28% na produção na próxima safra.

"Os preços só devem ceder no último trimestre, com o avanço da colheita", diz Renata Maggian, do Cepea.


Veículo: Folha de S. Paulo


Veja também

China importará mais trigo para repor estoques

A produção mundial de trigo deverá atingir 698 milhões de toneladas na safra 2013/14, um vol...

Veja mais
Valor da produção agrícola aumenta, mas em ritmo menor que o previsto

A desaceleração dos preços agrícolas afeta as receitas dos produtores. No início do a...

Veja mais
Intenção de consumo chega ao menor patamar da confederação do comércio

As famílias brasileiras frearam a vontade de ir às compras: a intenção de consumo teve uma q...

Veja mais
Abiclor apura demanda interna menor por cloro e soda

O consumo de cloro e soda apresentou retração nos cinco primeiros meses do ano, de acordo com dados divulg...

Veja mais
Inverno com mais sorvete e sem sopa

O clima do Estado está desafiando o varejo gaúcho. Ao contrário dos últimos anos, quando a v...

Veja mais
Proposta de ICMS menor avança

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa aprovou ontem proposta ...

Veja mais
Milho: aliança para conquistar a China

Entidade, formada pelo Brasil, EUA e Argentina tem viagem agendada para o país asiático.A Maizall Alliance...

Veja mais
Entidades de Minas pesquisam novas cultivares

Validar tecnologias para a cafeicultura nos vales do Jequitinhonha e do Rio Doce. Com esse objetivo a Empresa de Pesquis...

Veja mais
Negócios com café em queda

Encontro de duas safras colaborou para retrair, ainda mais, os preços do grão. A queda nos preços d...

Veja mais