Transgênico completa 10 anos da primeira liberação no Brasil

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O Brasil completa uma década de liberação dos transgênicos e, no mesmo ritmo da produção, avançam as polêmicas. Se, por um lado, começa a inédita concorrência entre multinacionais e a Embrapa pelo mercado de sementes, cresce no País o debate sobre as novas tecnologias. Enquanto alguns especialistas reclamam da menor resistência a pragas e danos ao solo, outros defendem que as modificações genéticas aumentam a resistência das sementes e elevam a produtividade do plantio.

Apesar da alta produtividade, os que investiram na transgenia não têm garantido a maior lucratividade. Diferentemente do que se imagina, são os produtores da soja convencional que recebem mais pelo grão, graças à demanda de japoneses e europeus pelo alimento não modificado. Com isso, o Brasil ostenta o título de maior produtor de soja convencional do planeta.

Nesta década, o País viveu uma revolução tecnológica no campo, viu sua produção de soja avançar no cerrado do Centro-Oeste e crescer 56%. O preço do grão, em dólar, disparou 140%. Foram oito safras recordes consecutivas, com lucros para os produtores rurais. Mas o Brasil perdeu espaço na exportação da soja processada, de maior valor agregado, seja em farelo ou óleo, abandonando a oportunidade de enriquecer o produto e gerar empregos.

"Havia preconceito muito grande com os transgênicos, que são ferramenta importante para o agronegócio. Mas temos que lembrar que não é viável ter só um tipo, só o transgênico ou só o convencional", afirma Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).

Silveira defende a convivência de todas as formas de semente. "Essa é a riqueza do País, temos diversos tipos de soja. Qual é a melhor? Depende da realidade de cada produtor." Executivos do mercado destacam que a soja convencional está mais lucrativa para o agricultor. "Há um grupo de consumidores que paga até R$ 6,00 a mais por saca do grão, ou 10% do total, para ter soja convencional. São europeus e asiáticos, em geral japoneses, que preferem a soja tradicional para produzir tofu. E o Brasil está se dando bem, não adotamos 100% da transgenia, como ocorreu nos Estados Unidos e na Argentina, e hoje somos os maiores produtores mundiais de soja convencional", afirma Ricardo Tatesuzi de Sousa, diretor da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange).

Lucratividade à parte, a exposição a pragas preocupa. O chefe da Embrapa Soja, Alexandre Cattelan, defende um rodízio entre os tipos de soja, para evitar a resistência de certos insetos nocivos - fenômeno semelhante ao uso constante de antibióticos por humanos, que diminui a defesa do corpo.



Veículo: DCI


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