Exportação e importação caem na UE e sinalizam que recessão continua

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As exportações dos 17 países que usam o euro caíram em maio, assim como as importações, numa indicação de que a contração mais longa do período pós-guerra na Europa pode ter entrado no sétimo trimestre consecutivo.

A Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, divulgou ontem que as exportações da zona do euro para o resto do mundo, ajustadas sazonalmente, caíram 2,3% em relação abril, enquanto as importações baixaram 2,2%.

Foi o segundo mês consecutivo de queda forte das exportações, e o maior declínio em relação ao mês anterior desde junho de 2011.

Com o aumento do desemprego, pouco crescimento salarial e os cortes de gastos dos governos esfriando a demanda doméstica, elevar as exportações é essencial para que a zona do euro possa sair da recessão. Mas, com a fraqueza econômica em outras partes do mundo, uma recuperação significativa nas vendas para o exterior parece improvável nos próximos meses.

A economia da zona do euro encolheu no primeiro trimestre com a queda nas exportações. A Eurostat divulgará sua primeira estimativa do Produto Interno Bruto do segundo trimestre só em meados de agosto, mas pesquisas com empresas e dados econômicos já divulgados sugerem que a produção pode ter caído novamente.

Economistas do banco Barclays disseram acreditar que a economia da zona do euro cresceu ligeiramente no segundo trimestre, e previram recuperação gradual no resto deste ano e no próximo. Mas eles ressaltaram que a previsão depende de um mercado "moderadamente favorável" para as exportações do bloco. Se elas se estagnarem ou caírem, a recuperação pode atrasar e ser mais fraca. "Esse é um dos grandes perigos", diz Philippe Gudin, chefe de pesquisas de economia europeia no Barclays.

O FMI comunicou na semana passada que prevê uma contração de 0,6% na economia da união monetária este ano, antes de uma recuperação de 0,9% no ano que vem. O fundo também exortou o Banco Central Europeu a cortar as taxas de juros e usar outras ferramentas para estimular o crédito.

Segundo a Eurostat, antes dos ajustes sazonais a zona do euro teve superávit comercial de € 15,2 bilhões em maio, ante € 6,6 bilhões em maio de 2012 e € 14,1 bilhões em abril. O aumento da balança comercial ao longo do ano foi inteiramente devido a uma queda de 6% nas importações, um sinal de debilidade da demanda interna.

Numa base ajustada sazonalmente, o superávit comercial caiu de € 15,2 bilhões em abril para € 14,6 bilhões em maio.

O recuo nas exportações para fora da UE foi especialmente acentuado na Alemanha, com queda de 9% desde abril. Já as exportações italianas para países não membros da UE subiram 3,6%, enquanto as da Espanha subiram 0,8%.

O maior declínio foi em Chipre, onde as exportações para fora da UE caíram 10,6% em relação ao mês anterior, sinal de que a crise no sistema bancário do país está abalando o restante da economia.

Há algumas mostras de que os desequilíbrios que contribuíram para a crise fiscal e bancária da zona do euro estão sendo corrigidos.

Nos primeiros quatro meses do ano, a Itália teve superávit comercial de € 4,7 bilhões, ante um déficit de € 4,2 bilhões no mesmo período de 2012. Na Espanha, o déficit no período caiu de € 14,5 bilhões para € 5,7 bilhões. O déficit comercial também caiu na Grécia e em Portugal, embora menos.

A Eurostat informou ainda que a taxa anual de inflação na zona do euro subiu de 1,4% em maio para 1,6% em junho, em linha com estimativas preliminares e com as expectativas dos economistas. A taxa anual continua abaixo da meta do BCE, de cerca de 2%, o que dá espaço para novas medidas de estimulo à frágil economia da região.

"Achamos muito provável que o BCE vai acabar reduzindo sua taxa básica de 0,5% para 0,25% ao ano, pois estimamos que a zona do euro continuará com muita dificuldade para atingir o crescimento", disse Howard Archer, economista da IHS Global Insight.

Há pouca perspectiva de que o mercado de trabalho melhore logo, o que elimina uma causa de pressão inflacionária caso a economia volte a crescer. A OCDE prevê que o desemprego subirá de 12,1% para 12,3% até o final de 2014.


Valor Econômico


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