Treebos lança delivery de frutas

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Negócio consiste na entrega do produto fresco, colhido por pequenos produtores; Minas oferecerá serviço.

Unir uma ideia economicamente viável e rentável a ações socialmente responsáveis não é para qualquer empresa. No entanto, a capixaba Treebos, sediada em Guarapari, interior do Espírito Santo, conseguiu a façanha de reunir todas essas características em uma startup, cujos primeiros passos foram dados há cinco anos. O seu negócio consiste na entrega de frutas frescas colhidas por pequenos produtores rurais e já se tornou realidade no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Minas Gerais é a próxima unidade da federação a ser contemplada.

O sócio-fundador, Murilo Ferraz, recorda-se que, na época em que a ideia surgiu, ele estava perto de se formar em Medicina. Portanto, não tinha o intuito de transformar a ideia em negócio. O objetivo era criar em uma área disponível no sítio do Ferraz, localizado na divisa entre Espírito Santo e Rio de Janeiro, um bosque do futuro, onde cada membro de sua família e amigos mais próximas plantariam uma árvore frutífera. No entanto, a ideia se espalhou e em pouco tempo vários outros interessados, inclusive de outras regiões do país, manifestaram interesse em cultivar as próprias sementes.

Dessa maneira, Ferraz concluiu que seria necessário desenvolver um modelo, apto a ser replicado em qualquer lugar do mundo. Porém, antes disso era necessário saber quantas pessoas estariam realmente dispostas a plantar uma árvore. "Assim, montei um grupo nas redes sociais. Ele começou com apenas 400 pessoas e foi crescendo, até alcançar 8.500 membros, entre os quais alguns deles são engenheiros agrônomos", explica o fundador do projeto.

Assim, ele percebeu que a melhor maneira seria dividir o terreno. Entre as árvores frutíferas, seriam cultivadas fileiras de vegetais e tanques de piscicultura, modelo mais eficiente para a captação de créditos de carbono. O sucesso da ideia foi tamanho que o sócio-fundador recebeu um convite para ministrar palestra na última edição do Rio 20, realizada ano passado. "Deixei o evento com a consciência de que a ideia seria um negócio lucrativo, pois é uma forma de produzir alimentos sem que eles fiquem sujeitos as regras de mercado, como as commodities agrícolas", salienta.


Méritos - Em seguida, a Treebos passou a ser uma empresa com uma proposta social. Em agosto de 2012, ela se inscreveu e foi vencedora das etapas regional e nacional do desafio de startups, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sendo escolhida para representar o Brasil no Intel Global Challenge, realizado pela Intel. O concurso reúne 48 juízes, de diferentes países. Com a participação, a Treebos constatou que a ideia e maneira de conduzir o negócio tinham tudo para ser bem-sucedidas. Porém, ainda era necessário participar de um programa de aceleração de empresas a fim de aprimorar os aspectos relacionados à tecnologia.

Após analisar propostas de cinco empresas, duas americanas e três brasileiras, a Treebos finalmente optou por estabelecer parceria com a 21212 Digital Accelerator, que mantinha uma sede no Brasil, Rio de Janeiro, e outra em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Durante o programa, a prioridade foi testar o sistema de entrega das frutas, uma vez que, aparentemente, entregar a produção aos possíveis clientes poderia constituir um entrave logístico.

Os quites são compostos com as safras das árvores plantadas nos bosques do futuro e com a colheita de pequenos produtores rurais. Neste caso, além de pagarem o valor da produção, a Treebos remunera um valor 60% superior em insumos. O excedente deve ser empregado em melhorias no processo produtivo, ou para dar melhores condições de vida a aquelas famílias. Apenas por meio de um vídeo divulgado na internet, 60 escritórios, no Rio de Janeiro, para onde se transferiu momentaneamente a sede da empresa, se inscreveram para receber as frutas. Outros 250 integram uma fila de espera. O valor cobrado por kit é de R$ 79,90.

Suspensão - Para conseguir ajustar os prazos de entrega e atender ao maior número possível de produtores rurais, a Treebos suspendeu temporariamente a entrega, que deve ser restabelecida em agosto. Os novos planos incluem a transferência da sede de volta para o Espírito Santo e a ampliação do plantio de bosques do futuro. Até o fim do ano, cinco novos devem ser implantados, um deles em Minas Gerais, em Muriaé, na Zona da Mata. Futuramente, os kits entregues vão misturar o resultado dos produtores rurais e a colheita dos bosques.

Por enquanto, o sócio-fundador não sabe quando as entregas devem começar a ser feitas nos escritórios mineiros. Para que isso aconteça, é necessário identificar parceiros, que seriam os responsáveis pelas entregas. "Ainda somos uma equipe pequena e, portanto, sem condições de atender Belo Horizonte. O ideal seria que a empresa, ou interessado, já tivesse experiência na área de delivery e que gostasse de trabalhar em um negócio rentável e de cunho social", frisa.

Atualmente, a Treebos, nome inspirado em tree, árvore em inglês, dá os primeiros passos para se tornar uma Sociedade Anônima (S/A). A estrutura operacional conta com 16 profissionais, sendo um mineiro. Todos eles são acionistas, distribuídos entre as áreas de desenvolvimento de software, controle agronômico, financeiro, Recursos Humanos, assessoria jurídica e design. A empresa pretende admitir cinco técnicos agrícolas, cada um responsável por cada um dos bosques a serem implantados neste ano.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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