Fundação Getúlio Vargas culpa turbulências no cenário externo e falta de dinamismo da economia do país.
As turbulências no cenário externo e a falta de dinamismo da economia do Brasil levaram o Índice de Confiança da Indústria a registrar na prévia de julho uma queda de 3,6%, a mais intensa desde dezembro de 2008, quando atividade ainda sofria os reflexos da crise financeira mundial.
Entre os fatores que ajudaram a derrubar o indicador apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) está a alta das taxas de juros pelo Banco Central. "O otimismo da virada do ano foi se transformando. Agora, se espera um ritmo de recuperação mais fraco para o segundo semestre", afirmou o responsável pela pesquisa, o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo.
Segundo ele, a prévia mostra uma frustração do empresariado com o ritmo de recuperação da indústria desde o início do ano. Campelo lembra que a frustração já vinha se delineando nos últimos meses, mas se aprofundou na prévia de julho.
A pesquisa mostra que o índice que mede as expectativas vem caindo desde fevereiro. Por trás desse movimento, explica ele, está a alta dos juros pelo Banco Central e a falta de resposta da economia às medidas de incentivo adotadas pelo governo.
Além disso, o superintendente cita também o noticiário externo, com destaque para a desaceleração da economia chinesa e os problemas na Argentina e na Europa. O alento vêm dos Estados Unidos, mas, como o país não é mais um parceiro comercial tão relevante, lembrou Campelo, o impacto da recuperação fica limitado.
Segundo ele, o resultado da prévia de julho do índice de confiança da indústria aponta para uma queda disseminada entre os segmentos pesquisados, mas com mais intensidade entre os duráveis.
Protestos - A recente onda de manifestações populares contribuiu para o resultado mais negativo do Índice da Confiança da Indústria, de acordo com o superintendente. "A turbulência gera mais incerteza. Os dados mostram que houve uma diminuição das encomendas em julho", afirmou.
Para Campelo, os protestos explicam a queda mais acentuada do Índice da Situação Atual, um dos item que compõem o resultado da pesquisa de Índice da Confiança da Indústria. "Os protestos colaboraram para jogar o índice forte para baixo", disse. Outro acontecimento lembrado pelo superintendente foi a greve dos caminhoneiros, que prejudicou o transporte de cargas no país.
Veículo: Diário do Comércio - MG