Nos últimos dois anos, preços pagos ao produtor caíram muito e houve redução significativa no plantio.
Os bataticultores de Minas Gerais estão conseguindo superar a crise que afetou o desempenho do setor ao longo dos últimos dois anos. Com os preços baixos pagos pelo produto, nas últimas safras houve redução significativa do plantio, Com isso, a oferta foi menor e os preços dispararam. Atualmente, a saca de 50 quilos é comercializada a R$ 80, o que gera um lucro de R$ 25 para o produtor.
Segundo o engenheiro agrônomo e secretário-executivo da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, os preços atuais pagos pela batata estão em alta e devem ser sustentados pelo menos até janeiro, quando começa a colheita da safra das águas, que é a maior do Estado.
"Depois de dois anos recebendo valores inferiores aos custos de produção os bataticultores estão em uma situação mais favorável e conseguindo quitar as dívidas acumuladas nas safras anteriores. Já que a oferta do produto é bem limitada, nossa expectativa é que os preços sejam mantidos nos patamares atuais, o que será fundamental para promover a capitalização dos bataticultores", disse Ribeiro.
De acordo com dados da Abasmig, a saca de 50 quilos de batata é negociada atualmente a R$ 80, enquanto em igual período do ano anterior o mesmo volume era vendido a R$ 22. A cotação da batata mais que triplicou em um ano valorizando 263,6% entre julho de 2012 e igual mês de 2013. Os custos de produção para o produtor fica em torno de R$ 45.
Atualmente os bataticultores estão em plena colheita da safra de inverno. A expectativa é que sejam produzidas nesta etapa no Sul de Minas Gerais em torno de 100 mil toneladas de batatas, volume que foi reduzido em 15% quando comparado com igual período produtivo de 2012.
Mesmo com a valorização dos preços, a tendência é que a próxima safra não tenha crescimento. Além da descapitalização dos produtores, a falta de batatas para sementes irá limitar a expansão do plantio.
"A safra das águas é a maior da região e a tendência é que a produção não seja ampliada. Como os produtores ainda estão descapitalizados, os investimentos devem ser mais limitados. Além disso, com a valorização expressiva dos preços, a tendência é que os bataticultores que têm sementes, que são as batatas menores, comercializem o produto para aproveitar o bom preço", disse.
Segundo Ribeiro, a queda na oferta tem afetado também as indústrias processadoras de batatas. "Várias indústrias da região reduziram ou suspenderam a produção, uma vez que os preços da batata in natura foram alavancados e as empresas não têm condições de repassar a alta para o consumidor final, que diante o incremento expressivo nos valores reduzem a aquisição dos produtos", disse Ribeiro.
Segundo dados da Abasmig, na primeira safra de 2012 foram colhidas na região cerca de 500 mil toneladas de batatas, volume que ficou quase 20% inferior a produção normal para o período.
Com a valorização dos preços, a cultura da batata-inglesa em Minas Gerais foi calculada em R$ 1,36 bilhão, com o Valor Bruto de Produção (VBP) ampliado em 36,15%, frente ao R$ 1,004 bilhão registrado no ano passado.
Veículo: Diário do Comércio - MG