Passada a temporada de verão no Hemisfério Norte, que tradicionalmente desacelera os negócios com celulose, a Fibria aposta em retomada da demanda global. Em julho, segundo a companhia, já houve "alguma" recuperação no mercado chinês e, a partir de agosto, a expectativa é a de "significativo aumento dos embarques" da matéria-prima.
Para o presidente da companhia, Marcelo Castelli, uma eventual queda nos preços internacionais, diante da chegada de novas fábricas a mercado, deve ficar para o fim do ano ou início de 2014. Até dezembro, duas novas unidades entrarão em operação na América do Sul, ampliando a oferta global da fibra.
"Os fundamentos do mercado continuam positivos", disse, após divulgação dos resultados no segundo trimestre. "Neste momento, há sazonalidade por causa do verão europeu, mas, a partir de agosto, o preço tende a seguir os bons fundamentos, que ainda permanecem no mercado. E os estoques estão baixos."
Conforme o executivo, o aumento de US$ 30 por tonelada válido a partir de maio não foi integralmente implementado. Dessa forma, a cotação de referência no mercado europeu não atingiu os US$ 850 por tonelada que contemplam o reajuste cheio.
Com o fim da temporada sazonalmente mais fraca e a ocorrência de paradas programadas para manutenção em setembro, que devem retirar do mercado cerca de 237 mil toneladas de celulose, haveria espaço para implementar o aumento integralmente. "Nossa avaliação para o segundo semestre é bastante positiva", ressaltou o diretor comercial e de logística internacional da Fibria, Henri Philippe Van Keer.
Do lado financeiro, a companhia manterá o foco na redução do endividamento e da alavancagem, com vistas à obtenção do grau de investimento. No segundo trimestre, foram liquidadas antecipadamente R$ 1,38 bilhão em dívidas com taxas consideradas "pouco atrativas". Ao fim de junho, a dívida líquida era de R$ 8,253 bilhões, ante R$ 7,516 bilhões em março.
A alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, em real, ficou em 3,3 vezes no segundo trimestre, ante 3,1 vezes nos três primeiros meses do ano e 4,7 vezes em igual intervalo de 2012. Medido em dólar, o múltiplo caiu a 3 vezes, ante 3,1 vezes no primeiro trimestre e 4,2 vezes entre abril e junho do ano passado.
No trimestre, a Fibria registrou prejuízo líquido de R$ 595,7 milhões (atribuível aos acionistas da companhia), 25% abaixo do esperado segundo média das projeções de cinco casas de análise: J.P.Morgan, Ágora, Itaú BBA, Espírito Santo Investment Bank (BES) e Credit Suisse. Já a receita líquida trimestral, de R$ 1,67 bilhão, ficou em linha com a média estimada, de R$ 1,63 bilhão, e o Ebitda de R$ 647 milhões também veio praticamente dentro do esperado (R$ 630,8 milhões).
O prejuízo reportado pela Fibria deveu-se, sobretudo, ao impacto negativo da valorização de 10% do dólar Ptax frente ao real na parcela da dívida que está denominada em moeda estrangeira e a despesas relacionadas à recompra de títulos de R$ 224 milhões.
Uma vez que 93% da dívida bruta da companhia está indexada em dólar, há aumento no saldo quando da conversão para o real em momentos de valorização da moeda americana. No segundo trimestre, conforme a Fibria, o impacto disso no resultado financeiro foi de R$ 650 milhões. Excluídos esses efeitos, o resultado líquido entre abril e junho teria ficado positivo em cerca de R$ 80 milhões.
A Fibria produziu 1,29 milhão de toneladas de celulose no segundo trimestre, um avanço de 2% na comparação com os três primeiros meses do ano e de 1% na comparação anual, apesar das paradas programadas para manutenção na unidade Três Lagoas (MS) e nas fábricas A e B da unidade Aracruz (ES). As vendas, por sua vez, somaram 1,27 milhão de toneladas, com expansão de 7% na comparação com o primeiro trimestre e estabilidade na comparação anual.
Veículo: Valor Econômico