Se um setor sentiu as dores da desaceleração chinesa de forma mais aguda, foi o de recursos naturais. O crescimento espetacular do país ao longo da década passada foi responsável pelo "superciclo" das commodities, quando seus preços - do algodão ao cobre - subiram enquanto os produtores esforçavam-se para atender à voraz demanda chinesa.
A participação chinesa na demanda mundial de aço cresceu de 16% em 2000 para 44% em 2012; no caso do níquel, a participação saltou de 6% para 45%. O impacto foi enorme, levando os preços de quase todas as commodities a níveis recordes. Mas a crescente dependência dos mercados de commodities em relação à China revelou-se uma faca de dois gumes, agora que o crescimento chinês está desacelerando. Cobre, minério de ferro e carvão, todos recuaram entre 30% e 50% de seus picos em 2011. Os preços das ações de algumas empresas caíram mais de 60%.
A realidade pode ser menos apocalíptica. Mesmo que o crescimento chinês esteja desacelerando, o país continua crescendo mais rápido do que qualquer outro grande consumidor de commodities. E trata-se de um consumidor tão grande que até mesmo uma expansão mais lenta exigirá uma alta significativa dos suprimentos.
A intenção de Pequim de reequilibrar a economia - aproximando-a de um modelo baseado em consumo - produzirá uma mescla de impactos. As commodities de desempenho excepcional - minério de ferro e carvão - provavelmente serão as mais impactadas. Mas commodities associadas a uma economia de consumo poderão exibir um bom desempenho. Por exemplo, chineses mais ricos tenderão a comer mais carne, podendo desencadear um boom nos mercado produtores de carne e de grãos.
Veículo: Valor Econômico