Cresce preocupação com a oferta de trigo

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O governo prevê dificuldades para o abastecimento interno de trigo no primeiro semestre do ano que vem. Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Ministério da Agricultura preveem que o governo de fato terá de intervir no mercado para segurar os preços.

Hoje, o cenário é desfavorável ao abastecimento do grão, com a quebra da produção na Argentina e as geadas no Sul do país. Para piorar, a Conab está sem nenhum estoque de trigo, o que não acontecia desde 2008.

Enquanto isso, a Argentina passa por problemas na produção e suas exportações estão suspensas, o que pode obrigar o Brasil a importar ainda mais trigo dos Estados Unidos e do Canadá. Por enquanto, existe consenso no governo que é necessário estimar os impactos da geada no Paraná para tomar uma decisão. Enquanto alguns técnicos acreditam que a geada trará perdas fortes, outros confiam em melhores produtividades em outras regiões devido ao frio.

Mesmo com a esperada alta nos preços no primeiro semestre de 2014, o governo deve evitar ao máximo intervir no mercado. Segundo um técnico, somente o fato do governo anunciar a compra do grãos acima do preço mínimo ajudaria a elevar mais os preços.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, disse que o governo não pode controlar o clima, mas que tomou diversas medidas para incentivar o plantio e diminuir as perdas em função de intempéries.

"Lançamos este ano o Plano Safra das Culturas de Inverno com antecedência e com mais crédito. Além disso, aumentamos o seguro agrícola e incentivamos o plantio", disse Geller. Segundo a Conab, a produção nacional de trigo para a safra 2013/14 deverá atingir 5,6 milhões de toneladas, alta de 28,1% em relação à safra passada.

Segundo ele, o governo vai esperar os resultados da geada no Sul para tomar qualquer tipo de providência. "Estamos tomando medidas para garantir um abastecimento contínuo e de boa qualidade, para evitar impactos dos preços na inflação", disse.

Hoje, estima-se que 52% das áreas cultivadas no Paraná estão em floração e frutificação, fases mais suscetíveis aos danos derivados das geadas. Segundo boletim do Climatempo, várias cidades do Paraná ainda podem registrar geadas de intensidades moderada a forte.

Para viabilizar importações de trigo a preços menores, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) ampliou, de 31 de julho para 30 de agosto, o prazo para importação de trigo de fora do Mercosul com alíquota zero. O objetivo da medida foi conter a pressão de alta sobre os preços no mercado interno. Porém, o governo não pretende ampliar o benefício, sob pena de prejudicar o plantio do grão no país.


Geadas voltam a prejudicar a agricultura no Centro-Sul

As geadas voltaram a atingir ontem o Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e algumas regiões isoladas do oeste paulista (Presidente Prudente e Rancharia).

No Paraná, praticamente todas as culturas foram afetadas, principalmente trigo e café, afirmou Marco Antonio dos Santos, da Somar Meteorologia.

No sul de Mato Grosso do Sul, a cana-de-açúcar e uma pequena área de milho foram castigadas. Em São Paulo, a cana foi prejudicada em áreas isoladas. A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) informou que ainda não registrou problema de desabastecimento de hortaliças, mas um diagnóstico mais preciso deverá ser divulgado hoje.

"A intensidade dessa geada foi menor se comparada com ontem [quarta-feira], mas como a planta já vinha de um stress térmico muito grande, as perdas só se agravaram", disse Santos. Ele ressalta que ainda é cedo para detalhar os prejuízos, mas como houve geadas generalizadas nas duas últimas madrugadas, "é certo que várias usinas e produtores terão perdas em seus canaviais".

Embora as temperaturas baixas possam ser um fator positivo para o acúmulo de açúcar pela cana, o excesso de chuvas nesta semana pode provocar uma redução nos índices de ATR (Açúcar Total Recuperável) nas lavouras paulistas e mineiras.

No caso do café, novamente as regiões mais afetadas no Paraná foram o norte e pequena parte do noroeste, que não são os maiores produtores do grão no Estado, segundo Paulo Franzini, coordenador do setor de café do Departamento de Economia Rural (Deral). Mas, na avaliação de Franzini, a geada de ontem pode ter agravado a situação da cultura. Um melhor diagnóstico dos estragos poderá ser divulgado no fim da próxima semana. Porém, os maiores danos só vão ser mensurados na próxima safra.

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) informou que a massa de ar polar que atinge o Estado começa a perder força, mas permanece o risco de geadas de fraca a média intensidade em toda a região cafeeira paranaense nesta sexta-feira.



veículo: Valor Econômico


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