Philco vai produzir celular em Manaus

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A marca Philco, criada em 1892 nos Estados Unidos e que no Brasil já trocou de mãos três vezes, está sendo reativada pela Britânia, sua dona desde 2007. A empresa vai entrar em novas categorias de produtos e fabricá-los na Zona Franca de Manaus. Neste ano começa a produção de smartphone e ar-condicionado "split". A Philco, que em 2012 faturou R$ 760 milhões, já tem autorização da Suframa para fabricar tablets, TVs de plasma, tocadores de DVD e micro-ondas.

Assim, a Philco dá em 2013 o maior passo desde quando foi adquirida pela Britânia. A empresa não atendeu o pedido de entrevista feito pela reportagem.

No caso dos celulares smartphones, a Philco encomendou da China um kit com 100 mil unidades, que já está sendo embarcado, diz uma pessoa a par do assunto. O processo de importação demora cerca de três meses.

O plano da Philco é começar a vender smartphone a partir de setembro, segundo o Valor apurou.

A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) já recomendou a aprovação do pedido de autorização de "diversificação" feita pela Philco para smartphone, apurou o Valor. Trata-se de um pedido comum às empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. O pedido provavelmente será homologado na próxima reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), em 19 de agosto, disseram fontes que acompanham o processo.

As autorizações para que a Philco possa produzir ar-condicionado "split", tablet, televisor de plasma, tocador de DVD e micro-ondas foram publicadas no Diário Oficial da União entre 2012 e 2013. A partir da publicação, a empresa tem 36 meses para implantar o projeto na Zona Franca de Manaus. A aprovação não implica em obrigatoriedade de produção; a empresa pode optar por não fabricar.

Philco já tem autorização para produzir em Manaus tablets, TV de plasma, tocador de DVD e micro-ondas

O Processo Produtivo Básico (PPB) - conjunto de operações que caracteriza a industrialização e serve como contrapartida ao governo federal à concessão de incentivos fiscais - do celular permite a importação de partes, desde que seguindo regras como montagem e soldagem de todos os componentes nas placas de circuito impresso do produto fabricado na Zona Franca de Manaus. A produção dos smartphones da Philco deve gerar de 300 a 400 empregos diretos, disse uma fonte.

A empresa já está fabricando ar-condicionado "split" em uma linha piloto. A produção em escala deve começar em agosto. O investimento no produto é de R$ 9,38 milhões e inclui maquinário, mão de obra, compra de insumos, entre outros, de acordo com as informações da Philco enviadas à Suframa.

No ano passado, a receita líquida da Philco quase dobrou: subiu 69% em relação a 2011, para R$ 760,37 milhões. Mas os custos dos produtos vendidos subiram ainda mais (80%), e as margens apertaram. O lucro líquido da Philco ficou em R$ 96 milhões, 51% a mais que em 2011. A empresa aumentou o estoque em 26%, sendo que o estoque com matéria-prima subiu 155%.

A investida da Philco em produtos de informática é mais um capítulo na história pitoresca da marca. Criada em 1892 nos Estados Unidos, a Philadelphia Storage Battery Company se tornou apenas Philco, chegando ao Brasil no início dos anos 30. No auge da "era do rádio", o nome se tornou referência do modelo "capelinha", com gabinete de madeira envernizada. Na década de 50, passou a fabricar televisores no país.

No mundo, na década de 30, a Philco deu início a uma parceria com a Ford para produzir aparelhos de som automotivos. Em 1961, a montadora comprou a fabricante, que passou a se chamar Philco-Ford. Duas décadas depois, a Philco se associou à japonesa Hitachi para fabricar televisores.

No Brasil, o controle da empresa foi adquirido em 1989 pela Itaúsa, holding do banco Itaú. Nos anos 90, a empresa atingiu o auge no mercado nacional de eletroeletrônicos, com o slogan "Tem coisas que só a Philco faz para você".

Em 2005, a Philco foi incorporada pela Gradiente que, no entanto, só ficou dois anos com a marca. Um grupo de empresários chineses adquiriu a Philco para, em seguida, licenciá-la. Em agosto de 2007, a Britânia pagou R$ 22 milhões pelo direito de uso do nome Philco por 10 anos, numa operação comandada pelo presidente da Britânia, Cesar Eduardo Buffara.

O capital da Philco é dividido entre o grupo Britânia (83,42%), Buffara (13,96%), e outros acionistas, com 2,62%.



veículo: Valor Econômico


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