Com o intuito de evitar altas nos preços do arroz até a colheita da próxima safra, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pretende realizar leilões públicos para negociar boa parte do seu estoque de 1 milhão de toneladas do grão. O primeiro passo da estratégia será dado na próxima terça-feira, com a realização de um pregão de 50 mil toneladas para tentar aproximar os preços de mercado aos mínimos.
A intenção da Conab, segundo uma fonte, é aproveitar o momento de preços acima do mínimo para se desfazer do estoque e baixar as cotações. A estatal voltaria ao mercado comprando arroz no início de 2014, caso as cotações do cereal fiquem abaixo do preço mínimo.
"Se começarmos a operar somente em novembro ou dezembro, o preço pode demorar a cair e esse movimento de queda pode se acentuar no início da safra. Isso faria com que as cotações caíssem com muita força em fevereiro", afirmou uma fonte da Conab.
Apesar de não estarem em patamares exagerados, o governo avalia que as cotações devem subir nos próximos meses de entressafra - a maior parte da colheita de arroz no país acontece entre fevereiro e março. Hoje, a média de valor da saca de 60 quilos no Mato Grosso está acima de R$ 34, chegando a R$ 38 em algumas cidades. O preço mínimo para a região é de R$ 28,23.
Apesar da alta nos últimos meses no Estado de Mato Grosso, um movimento de acomodação deve começar nas próximas semanas, segundo análise da Conab. Conforme fontes, além de ter ocorrido um intenso deslocamento da produção gaúcha para a região, houve bom desempenho da safra estadual.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em junho, após alta de 0,37% em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O arroz, porém, registra retração de 4,66% de janeiro a junho, embora tenha acumulado alta de 22% nos últimos 12 meses. Apesar de o governo não estar preocupado com a alta do arroz, ao contrário de produtos como cebola e batata, a Conab pretende evitar que os preços subam demais.
Os números da Conab, porém, mostram um cenário menos favorável. Na primeira quinzena de julho, no município de Pelotas (RS), o preço do arroz sofreu uma variação positiva de 1,41%. No mês, houve valorização de 6,53%, o que significou um incremento de 19,21% na comparação anual. No mesmo período, a saca de 50 quilos em Pelotas (RS) custava R$ 35,87. Um ano antes, o valor era de R$ 30,09. Na região, o preço mínimo é de R$ 25,80.
Mesmo com os preços favoráveis ao agricultor, produtores estão pedindo a prorrogação do prazo de renegociação de dívidas. Além disso, eles denunciam uma suposta recusa dos bancos privados em renegociar suas dívidas. Várias audiências públicas foram realizadas no Congresso para atender ao setor.
Veículo: Valor Econômico