Maioria dos consumidores lê rótulo de alimento, mas parte não entende

Leia em 2min 30s

Entre os que leem, 40% compreendem só parcialmente ou não entendem dados nutricionais

Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor ouviu 807 mulheres em 4 capitais

Três biscoitos recheados de uma marca tradicional têm 141 calorias, 6 g de gorduras totais e 78 mg de sódio, suprindo, respectivamente, 7%, 11% e 3% da dieta média estabelecida para um adulto.

Esse tipo de informação desperta o interesse da maioria dos consumidores, segundo pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). No entanto, parte significativa do público não entende plenamente o que está escrito.

Foram ouvidas 807 mulheres --principais responsáveis pelas compras dos alimentos-- com idades entre 20 e 65 anos, de todas as faixas de renda, em Porto Alegre, São Paulo, Goiânia e Salvador.

Um pouco mais de seis em dez mulheres disse ler, sempre ou às vezes, a tabela nutricional nos rótulos. Dessas que leem, 40% entendem os dados só parcialmente ou muito pouco ou não entendem o que está lá descrito.

"Apesar de a informação ser procurada, ela ainda é de difícil entendimento pelos consumidores", avalia Ana Paula Bortoletto, nutricionista e pesquisadora do Idec.

Os indicadores mais populares entre as consumidoras, aponta o levantamento, são a quantidade de calorias, proteínas, sódio e carboidratos.

ALERTAS

Para Antônio Augusto, coordenador da unidade técnica do CFN (Conselho Federal de Nutricionistas), a inclusão das informações nutricionais nos rótulos de alimentos foi um avanço.

No entanto, afirma, é preciso dar "um salto de qualidade" no setor, o que poderia ser feito, por exemplo, por meio de uma campanha de esclarecimento à população.

"O indivíduo observa que o alimento supre 25% da recomendação diária de uma substância numa dose, mas não tem noção do que é isso. Pode até parecer pouco, mas vai atingir 100% se ele comer quatro doses."

O Idec defende uma abordagem mais ousada, com a inclusão de alertas nas embalagens de produtos com altos teores de açúcares, sal ou gorduras. Outra possibilidade é o uso de cores que sinalizem claramente produtos que devem ser consumidos com cautela.

Para 78% das entrevistadas, as informações nutricionais ficariam mais compreensíveis se fosse adotado um modelo de gradação de cores, a depender do percentual de substâncias como sódio e gordura (o chamado "semáforo nutricional").

E 96% delas declararam que frases de alerta ajudariam na escolha dos alimentos mais saudáveis.

A rotulagem, no Brasil, segue acordos do Mercosul. Desde 2006, é obrigatório imprimir informações nutricionais em todos os alimentos.

Antonia Aquino, gerente de produtos especiais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), relativiza a vantagem da inclusão de frases de alerta.

"É preciso pensar na alimentação de forma global. Você não pode tornar um alimento o vilão."

Segundo Aquino, já foi solicitada, na esfera do Mercosul, a discussão da revisão das normas.

"Acho que o Mercosul trabalhará mais a visualização da informação nutricional, possivelmente com aumento da letra e critérios para uma melhor visibilidade do rótulo."



Veículo: Folha de S. Paulo


Veja também

Colheita estanca alta dos preços no Brasil

Com a colheita do algodão avançando, a escalada de alta foi estancada e os preços vêm apresen...

Veja mais
Moagem em Minas atingiu 40%

No acumulado da safra até 15 de julho, o volume era de 23,73 milhões de toneladas. A moagem de cana-de-a&c...

Veja mais
Aneel cria comercializador varejista

Os consumidores livres especiais, com carga entre 300 e 500 quilowatts, representados por pequenas indústrias e s...

Veja mais
Queijo minas poderá ser exportado para outros estados

Centros de maturação serão inaugurados e produto feito a partir do leite cru poderá ser expo...

Veja mais
Proposta de recuperação da LBR será votada neste mês

O juiz Marcelo Barbosa Sacramone, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Estado de...

Veja mais
Recuperação da oferta global de grãos continua inabalável

O Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) reduziu sua projeção para os esto...

Veja mais
Avon continua puxando preços para cima

A Avon acelera o ritmo de lançamentos no segundo semestre, junto com maiores investimentos em publicidade e em te...

Veja mais
Com baixa negociação, soja volta a cair em Chicago

A Bolsa de Cereais de Chicago registrou ontem baixa de 16 centavos de dólar no preço da soja nos contratos...

Veja mais
Governo venderá mais arroz para segurar os preços

O governo vai vender 50 mil toneladas de arroz em leilões nos próximos dias para segurar o preço do...

Veja mais