Plano para o café sai hoje, afinal

Leia em 3min 10s

Dilma toma para si o anúncio de programa de apoio a produtores do grão e causa constrangimento a ministros

Causou constrangimento e insatisfaçãono setor cafeeiro o adiamento de um planode apoio aos produtores que sofrem com as baixas cotações do grão. Na segunda-feira, os ministros Antônio Andrade (Agricultura) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) frustraram o setor, convocado a Brasília, com um pronunciamento curto para dizer que o plano seria divulgado dias depois.O pior de tudo, dizem os interessados no plano, é que, o que será anunciado, não resolve o problema, apenas o maqueia.

Hoje, a presidente Dilma Rousseff apresentará o plano durante sua visita à cidade de Varginha, MG. Interlocutores da Agricultura avaliam que a presidente transformou o problema, injustificadamente, em uma questão de Estado. “O plano só não foi apresentado na segunda- feira porque a presidente quis anunciar ela própria”, diz uma fonte do ministério.

O governo briga internamente para anunciar um plano de compra de 2 milhões ou 3 milhões de sacas de café do tipo arábica para enxugar o excesso do mercado. Com a alta produção brasileira, somada à de países da América Central, sobrou arábica no mercado internacional e os preços despencaram nos últimos 12 meses.Na BM& F Bovespa, as cotações caíram 34% em um ano, além de 27% no mercado físico em igual período, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A raíz do problema estána mistura que torreifadoras brasileiras fazem. Por causa dos preços do grão arábica—que semantiveram elevados entre 2010 e 2012—,a indústria cafeeira aumentou o percentual do tipo conilon no pó consumido no país. Isso pressionou as cotações dessa variedade, a qual é considerada demenor qualidade.

Assim, a diferença de preços entre os grãos diminuiu. Enquanto a saca de arábica vale R$ 296, a de conilon custa R$ 252 no mercado físico brasileiro.Há uma no, os preços estavam em R$ 405 e R$ 285, respectivamente.

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) enviou uma proposta ao governo para aumentar o percentual de arábica nesta mistura. No entanto, demanda financiamento facilitado para que os preços finais não reflitam o encarecimento da produção. Cobraram dos ministérios da Fazenda e da Agricultura uma posição e não obtiveramretorno. Interlocutores afirmam que a proposta foi ouvida, mas não deve ser considerada.

A relação na mistura atual é de 55% de arábica e 45% de conilon. Na proposta, essa relação mudaria para 65/35. A alteração representaria uma trocade 2 milhõesde sacasde conilon por arábica.O volume é próximo ao que a Fazenda autorizou o Ministério da Agricultura comprar. “Isso resolveria tanto a oferta de conilon, que está em falta, quanto a de arábica”, argumenta Nathan Herszkowicz, diretor- executivo da Abic.

Críticas ao provável plano já existem. Caso o governo realmente compre as duas milhões de sacas — ou três, caso a Fazenda recue—, os estoques brasileiros serão elevados em 24%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Além de continuar demonstrando um claro excesso de café, o governo precisará desovar esse estoque em algum momento.

Na Conab, o entendimento é de que o governo deveria negociar com as torreifadoras um maior uso do tipo conilon na mistura. “Isso ajudaria a equilibrar os preços”, avalia Jorge Queiroz, analista de café da companhia.

Ele, inclusive, prevê a descapitalização dos produtores e antecipa que a expansão da próxima safra pode diminuir em relação a 2012, último ano de alta bienalidade. “Por culpa dos bons preços, a área de plantio cresceu muito este ano e, por isso, a redução da produção foi tão pequena em relação ao ano passado. Agora, com poucos recursos financeiros e com preços em baixa, a área plantada de café deve encolher”, projeta.



Veículo: Brasil Econômico


Veja também

Indústria de shoppings migra para cidades do interior do país

Pesquisa da Abrasce mostra que, ao final do ano e pela primeira vez, cidades que não são capitais ter&atil...

Veja mais
Praga prejudica safra de milho deste ano em Itatira

Itatira. Era para ser uma colheita normal de milho na fazenda do itatirense Manoel Rodrigues do Nascimento, 73, que tem ...

Veja mais
Goiaba ganha destaque no setor da fruticultura do CE

Produção dessa espécie de fruta tem se tornado viável economicamente para agricultores do Pe...

Veja mais
Trangênicos: Na safra certa

O avanço das sementes transgênicas nas lavouras do país para 40,3 milhões de hectares ser&aac...

Veja mais
Cesta básica do Recife entre as maiores altas do país nos últimos 12 meses

Em julho, o preço do tomate nas gôndolas dos supermercados do Recife caiu 23,62%, em média Em julho...

Veja mais
Dia dos Pais: Beleza deles

Pela primeira vez a pesquisa sobre compras para o Dia dos Pais da FCDL apontou que os cosméticos ficarão e...

Veja mais
Cesta básica alivia bolso do consumidor

Índice oficial de julho será divulgado hoje pelo IBGE mas, preços ainda sobem para a populaç...

Veja mais
Cesta básica de Porto Alegre recua 7,06% em julho, aponta Dieese

Consumidor precisou desembolsar R$ 305,91 no mês passado para poder comprar os 13 itens essenciaisApós fica...

Veja mais
Medeiros ganha centro de qualidade

Está marcada para amanhã a inauguração do primeiro Centro de Qualidade do Queijo Minas Artes...

Veja mais