Itatira. Era para ser uma colheita normal de milho na fazenda do itatirense Manoel Rodrigues do Nascimento, 73, que tem 200 metros quadrados de área plantada na sede desde município. Mas várias espigas "diferentes" surgiram no sitio.
Os agricultores têm ficado intrigado com o surgimento, inicialmente, de pequenas manchas que lembram cinzas de carvão no milho. Depois, as galhas ficam com esporos negro-azulados, semelhantes a tumores e também com aparência de carvão
No momento em que fazia a colheita no milharal, o agricultor não percebeu anormalidades, no entanto, a surpresa veio quando retirou a palha de uma das espigas colhidas. "Encontrei isso aí que vocês estão vendo. Nunca havia visto uma coisa dessas", diz Vieira surpreso e sem entender direito porque o milho estava naquelas condições.
"Depois da primeira planta contaminada todo dia venho encontrando espiga assim. Não dá pra comer e nem alimentar os animais com isso", afirma o agricultor. Embora não esteja claramente demonstrado que a praga nas plantações cause alergias e envenenamentos, os moradores de Itatira estão apreensivos e temerosos devido ao alto número de espigas infectadas e sua rápida propagação por diversas regiões do município. Além de Nascimento, agricultores de pelo menos 15 comunidades da zona rural recolhem desde o mês passado dezenas de espigas contaminadas. Os sintomas foram detectados em maior abundância em propriedades das comunidades de Patente, Paquetas, Contentas, Desterro, Açude, Serrinha, Juá, Saco dos Sales, São Bonifácio, Lagoa do Mato e sede.
Manchas
No inicio, surgem pequenas manchas que lembram cinzas de carvão no milho. Depois as galhas ficam com esporos negro-azulados, semelhantes a tumores e também com aparência de carvão. "Comecei a perceber que a planta do milho estava com aspecto queimado e que a praga não afetava apenas a espiga, mas também outras partes do milho e causava a morte das plantas", diz Nascimento. Os agricultores relatam que, em alguns casos, as galhas do milho surgem com deformidades até do tamanho de uma bola de futebol.
A presença generalizada nas plantações provocou uma corrida de agricultores por informações sobre a doença na Secretaria de Agricultura da prefeitura e em emissoras de radio locais. Maria José Ferreira Duarte, 47, moradora da comunidade de Contendas, tem 2 hectares de área plantada e demonstra infelicidade ao ver o milharal ser contaminado. "Já basta a seca desse ano e agora o pouco milho que conseguimos plantar ainda tem essa coisa que ninguém sabe o que é", reclama.
"Usamos o milho para fazer canjica, pamonha e comer assado, mas estamos jogando fora as espigas contaminadas e isso tem diminuído o consumo e a venda dos produtos ", diz. A Secretaria de Agricultura de Itatira afirmou que considera a infecção séria em termos econômicos, pois a plantação de milho é uma das principais fontes de renda dos moradores da região. O secretário Icassi Gonçalves informou que pretende realizar um mapeamento das plantações contaminadas para elaborar uma estratégia de controle da doença, impedindo sua propagação.
Veículo: Diário do Nordeste