Syngenta aposta em negócios com pequenos produtores

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A multinacional suíça de defensivos agrícolas e biotecnologia Syngenta está investindo em um novo modelo de negócios que busca apoiar pequenos agricultores para uma produção em larga escala e com alta tecnificação. No Brasil, a companhia pretende abrir essa nova frente de atuação com pequenos cafeicultores por meio do programa NuCofee, que já trabalha com 700 grandes empresários que produzem café de alta qualidade. Em entrevista exclusiva ao DCI, a diretora global de segurança alimentar da Syngenta, Kavita Prakash-Mani, explicou que o objetivo dessas iniciativas é integrar as ações de sustentabilidade e segurança alimentar com um negócio rentável para a companhia e para os agricultores.

"São 500 milhões de pequenos produtores que alimentam pessoas no mundo. Eles são muito importantes para a segurança alimentar globalmente. E, pensando que teremos 9 bilhões de pessoas até 2050, será preciso que os agricultores mais do que dobrem sua produção. Para garantir a segurança alimentar, precisamos trabalhar com esses pequenos fazendeiros", sustenta a diretora global da corporação.

Kavita argumenta que, para incentivar os pequenos produtores, é preciso dar mais apoio, já que a dificuldade de acesso a novas tecnologias, a linhas de financiamento e aos grandes mercados os coloca em desvantagem quanto aos agricultores de maior porte.

A Syngenta já desenvolve projetos com pequenos agricultores nas Américas do Sul e Central que produzem principalmente gêneros como batata e feijão. A empresa oferece o suporte material aos produtores e, em troca, recebe em pagamento a própria produção dos agricultores ou o direito de comercialização. O objetivo, segundo Kavita, é "transformar uma agricultura de baixo resultado para uma agricultura comercial de longo prazo".

"Eles precisam de treinamento, conhecimentos de agricultura, melhores práticas de manejo de solo. Nós os ajudamos a acessar os mercados, como vender sua produção, como estocar", acrescentou a executiva.

No projeto NuCofee, os produtores envolvidos chegam a ter um ganho de 20% de produtividade e de 25% na qualidade do grão. E, para garantir que o café de mais qualidade seja vendido a um preço compatível, a empresa também pretende garantir certificações. "Estamos olhando para parcerias com empresas de certificação para garantir que esses cafés acessem os mercados premium", detalha Kavita.

A executiva ressalta que, para a Syngenta, o retorno desses investimentos em projetos com pequenos produtores não é visto no curto prazo. "Demora de dois a três anos para termos o retorno. Essa é a razão pela qual várias companhias não fazem esses investimentos", salienta Kavita.

Nos Estados Unidos, onde a multinacional suíça também mantém negócios com pequenos produtores de algodão e vegetais, ela conta que os agricultores envolvidos conseguiram aumentar sua produtividade em até 200% e seus lucros em até 75%. "Com alta tecnologia eles mais do que dobraram sua produtividade", ressalta.

"Nesses projetos, tentamos assegurar benefícios aos produtores em todas as dimensões" para criar uma "lealdade com a Syngenta", acrescenta a executiva.

Hortifrúti

Para o próximo ano, a Syngenta pretende também entrar na área de produção de culturas de hortifrúti em cinturões produtores da América Latina. A gerente global para segurança alimentar da corporação ressalta a importância estratégica desse tipo de agricultura para pequenos produtores e dentro dos negócios do campo.

"Os vegetais são uma cultura muito importante em nível global, eles têm um alto custo, mas também um grande retorno. E são culturas muito rentáveis em pequenas fazendas", observa a executiva.

No Peru, a Syngenta já realiza negócios com pequenos produtores de frutas e vegetais. Por meio da Fundação Syngenta, a companhia busca empresas de varejo para garantir a comercialização dos gêneros produzidos pelos agricultores. Uma dessas redes de alimentação é o McDonald's. "A fundação está apoiando o desenvolvimento de agricultores para produzir alface e tomate com a devida especificação do McDonald's, assim eles se tornam agricultores com alta qualidade de produção", explica Kavita.

A executiva indica que esse modelo gerido pela Fundação Syngenta pode ser "replicado" e adaptado ao contexto brasileiro, principalmente na Região Sul, "onde há maior produção de vegetais e pequenos produtores". Ela ressalta, porém, que a empresa ainda está prospectando "a melhor forma de negócios" para a região.

Grandes produções

Culturas que são produzidas em larga escala por grandes produtores também estão na mira dos negócios da Syngenta no País. Segundo Kavita, a empresa estuda adequar ao Brasil um modelo aplicado na Argentina com produtores de soja de qualidade, o que garante um nível de certificação entre 80% a 90% e garante o acesso a mercados europeus.



Veículo: DCI


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