Déficit mundial de açúcar inverte mercado e preços sobem

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A promessa de que o déficit mundial de açúcar iria elevar os preços e inverter o mercado - até então retraído - dá sinais de que daqui em diante vai se cumprir, ainda que com um certo atraso. Nesta semana, os descontos para exportação caíram 20 pontos, o que significa que as usinas que negociaram o produto nos últimos dias ganharam US$ 4,5 por cada tonelada (cerca de 1,7% de ganho) na comparação com as que venderam na semana anterior. O dado indica que a demanda pelo açúcar brasileiro está forte e deve se intensificar até maio, com a menor produção na Índia. Mesmo com a falta de liquidez, os contratos de exportação estão sendo fechados e, segundo a consultoria Datagro, em janeiro os embarques devem repetir o crescimento de 28% registrado no acumulado de dezembro e novembro.

 

Ontem, o governo indiano reduziu sua produção de 20,2 milhões de toneladas para 18,8 milhões de toneladas (6,9%) e elevou fortemente as cotações da commodity na Bolsa de Nova York (CME Futures). O contrato maio fechou em 12,26 centavos de dólar a libra-peso, alta de 3,11%.

 

Marcos Escobar, analista de gerenciamento de risco da FCSTone, explica que os contratos para entrega mais no curto prazo estão se valorizando mais do que os outros com entrega mais à frente, indicando que a necessidade do comprador é de oferta mais imediata, diferentemente do que ocorreu na maior parte do ano passado. Além disso, continua ele, os preços estão subindo, mesmo com o dólar valorizado, o que torna o produto brasileiro mais competitivo. "O Brasil também tem ao seu lado os preços do frete marítimo para o Mar Negro que saíram do patamar de US$ 120 por tonelada em julho de 2008 para os atuais US$ 25", acrescenta Escobar.

 

Preço, dólar e prêmio fortalecidos resultaram em valores de açúcar bem atrativos para exportação, segundo Escobar. Ele calcula que nesta semana a tonelada do açúcar VHP (bruto) no porto de Santos foi negociada a US$ 260 dólares, valor que, com o câmbio de R$ 2,40, significou preço em reais de R$ 650. "Durante o ano passado, os negócios estavam sendo fechados a valores bem menores, como R$ 350 e R$ 380 a tonelada", compara.

 

A melhor remuneração no mercado externo (que também se estende ao açúcar branco) está puxando também os preços do açúcar no Brasil. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), na última semana o açúcar de exportação remunerou 6% mais que o de mercado interno. Mas essa diferença, segundo a pesquisadora Mariana Pessini, pode diminuir nesta semana pois os preços internos também estão subindo. Desde o começo de janeiro, o valor da saca de 50 quilos do açúcar cristal em São Paulo subiu 2,3%, fechando no dia 9 de janeiro em R$ 33,8. "Nesta semana o mercado já estava nos níveis de R$ 35 e tinha usina negociando em R$ 37", conta Escobar, da FCSTone.

 

A Índia que, em dezembro importou açúcar brasileiro em volumes próximos de 300 mil toneladas, deve voltar às compras, segundo o especialista da FCSTone. "A estimativa do mercado é de que o volume chegue a 1 milhão de toneladas. Mas tudo vai depender da produção indiana", informa Escobar.

 

Plínio Nastari, da Datagro, explica que as estimativas de déficit mundial no ciclo 2008/09 (que variam entre 3,3 milhões de toneladas a 3,8 milhões de toneladas) podem ser revistas depois do relatório de ontem do governo indiano. Citando o documento, Nastari conta que em Maharashtra, principal estado açucareiro do país, a produção até 13 de janeiro atingiu 2,7 milhões de toneladas, retração de 6,9% sobre mesmo período da safra passada. "A previsão agora é que as usinas deste estado produzam 5 milhões de toneladas ante as 9,1 milhões do ciclo anterior", diz Nastari.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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