Crise não afeta desempenho da Drogasil

Leia em 5min 40s

O crescimento da Drogasil, quarta maior rede de drogarias do País, não foi afetado pela crise no último trimestre de 2008. Segundo analistas, a empresa apresentou receita bruta de R$ 1,317 bilhão em 2008, crescimento de 31% sobre o ano anterior, quando as vendas atingiram R$ 1,006 bilhão. Os dados são ainda projeções da empresa, que ainda não divulgou seu balanço.

 

"As previsões em relação à Drogasil não mudaram em função da crise. Acreditamos que a receita da empresa, tanto com a venda de medicamentos, como com produtos de higiene e cosméticos, não foram afetados no quarto trimestre", disse o analista da Itaú Corretora, Luciano Campos; a analista da Unibanco Corretora, Francine Martins, tem a mesma opinião.

 

"O desempenho da Drogasil no final de 2008 ficou em linha com a nossa expectativa anterior à crise. É uma das poucas empresas do setor varejista que não nos levou a rever as projeções de crescimento para baixo", disse a analista.

 

Para Campos, o Ebtida ajustado da empresa deve atingir R$ 66 milhões em 2008, ante os R$ 51 milhões obtidos em 2007. Já o lucro deve atingir R$ 52 milhões, ante 33 milhões no ano anterior. A analista da Unibanco Corretora prevê Ebtida de R$ 68 milhões e um lucro líquido de R$ 55 milhões.

 

As previsões para este ano são de que a Drogasil, assim como outras grandes redes do setor farmacêutico, deverão sentir menos a crise. "O negócio farmácia vai ter melhor desempenho do que outros setores. É mercado de consumo que só perde para o de alimentos", afirmou Francine, que espera aumento de 29% da receita bruta da empresa neste ano.

 

Mais conservador, Campos projeta 19% de crescimento na receita da empresa. Segundo ele, a Drogasil e outras grandes redes tem vantagens sobre as farmácias independentes e as pequenas redes.

 

Uma delas é o regime de substituição tributária, pelo qual, no setor farmacêutico, a responsabilidade de pagamento do imposto sobre operações circulação de mercadorias e prestações de serviços (ICMS) deixou de ser realizado em várias etapas da cadeia para concentrar-se nos laboratórios farmacêuticos, no momento em que eles vendem seus produtos.

 

O novo regime tributário para o setor passou a valer em 2008 e ficou muito difícil para os varejistas sonegarem impostos. "Com a substituição tributária e a implementação da nota fiscal eletrônica, que ocorreu a partir de dezembro de 2008, praticamente fechou-se a porta para a evasão fiscal. Isto será muito importante neste ano e vai ajudar as grandes redes, como a Drogasil, que são as que pagam impostos", disse Campos.

 

Segundo ele, antes, por conta da sonegação, muitos dos pequenos varejistas tinham margem para poder oferecer até 18% de descontos na venda de medicamentos ao consumidor. Campos acrescentou que existem cerca de 55 mil drogarias no Brasil, e a tendência do setor seria de haver concentração.

 

"Esta estruturação tem sido lenta e isto pode ser atribuído, em parte, à presença de grande número de farmácias que atuam na informalidade, não apenas deixando de pagar tributos mas também não cumprindo exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", afirmou.

 

Para Francine, outro ponto importante que se deve levar em conta neste ano é a expectativa de demanda menor, principalmente com os produtos de consumo.

 

"Isto vai gerar pressão maior sobre as pequenas redes. Assim, quem tiver maior porte, mais capital de giro, estará em vantagem como no caso da Drogasil que tem capacidade de geração de caixa maior e que se acentuou em 2008 com a abertura de novas lojas", disse ela.

 

A Drogasil tem R$ 135 milhões em caixa, boa parte alcançada com a abertura de capital da empresa, em julho de 2007. "O cenário será de retração do crédito, e quem tem caixa terá melhores chances", afirmou Francine. Segundo ela, antes da crise, o volume do caixa da Drogasil não era bem visto pelo mercado.

 

"Muitos analistas criticavam o tamanho do caixa da empresa. Mas a empresa insistia em manter postura conservadora. O presidente do grupo, Cláudio Ely, argumentava que a margem do varejo farmacêutico é muito baixa e que manter o caixa era vantajoso diante do custo dos empréstimos no Brasil. Agora, em cenário de forte retração do crédito, a estratégia da empresa mostrou-se acertada", acrescentou.

 

Novas aquisições

 

Neste ano haverá mais chances da Drogasil adquirir outras redes de menor porte. "Ao fazer a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), o plano da empresa era aproveitar o mercado fragmentado, com abertura de novas lojas e fazer aquisições. Os negócios da Drogasil tem concentrado-se na compra de redes de pequeno ou médio porte", disse Campos.

 

A última aquisição da Drogasil foi a rede Vison, sediada em Brasília, com 24 lojas e marcou a sua entrada no Distrito Federal.

 

Para o analista da Itaú Corretora, com um caixa líquido de R$ 135 milhões, é valor significativo coloca a companhia em condições de fazer novas aquisições. "As pequenas redes poderão ser adquiridas com um preço mais baixo por uma empresa que tem bala na agulha", declarou.

 

Para os analistas, com a compra de redes menores e fechamento das independentes, a tendência é de aumento de participação de mercado das maiores redes. Segundo Francine o processo já vem ocorrendo com a Drogasil. Em setembro de 2008, a rede tinha participação de 3,81% no total das vendas do varejo farmacêutico no Brasil, ante 3,37% em igual mês do ano anterior.

 

Regionalmente, a Drogasil também tem aumentado seu market-share. Comparando o mesmo período, em São Paulo, aumentou de 8,28% para 9,50%; em Minas Gerais de 5,62% para 5,94% e em Goiás de 6,21% para 7,69%.

 

Para Campos, as grandes redes deverão acompanhar a Drogasil na busca por bons negócios e poderão manter a política de abertura de novas lojas. "Mantemos a projeção da empresa de abrir 40 lojas em 2009, o que não deve afetar seu caixa, pois este deve fechar 2009 ao redor de R$ 118 bilhões".

 

Segundo ele, a geração de caixa das lojas vai ajudar a Drogasil a investir em novas lojas, sem comprometer o caixa. "Além disso, abrir uma loja não é caro. A instalação de uma nova drogaria custa, em média, R$ 800 mil".

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


Veja também

Carrefour vende 26,6% a mais no Brasil

As vendas da varejista francesa Carrefour no Brasil, em 2008, no País cresceram 26,6%, para 8,396 bilhões ...

Veja mais
Sem reservas para o arroz

A falta de recursos hídricos está deixando alguns municípios com lavouras de arroz secas. É ...

Veja mais
Preços diferentes na gôndola e no caixa

Levantamento do Procon mostra que 18% dos supermercados ainda têm irregularidades   Muitos consumidores n&a...

Veja mais
Supermercados reduzem uso de sacolas plásticas

Dois supermercados gaúchos registraram uma redução de 10% no consumo de sacolas plásticas em...

Veja mais
Vilma Alimentos entra no mercado de produtos de limpeza

Tradicional fabricante de massas, a mineira Vilma Alimentos começa 2009 investindo em novos mercados. A empresa a...

Veja mais
Sam’s Club sente redução nas vendas

Os proprietários de pequenas empresas estão sufocados financeiramente de tal maneira que reposicionam as m...

Veja mais
Setor leiteiro está inseguro

Temor de retração maior no preço e queda nas exportações provocam apreensão . ...

Veja mais
Setor deve faturar R$ 44 bi

O setor de panificação, composto por cerca de 63,2 mil estabelecimentos, deve fechar 2008 com um faturamen...

Veja mais
Indefinições no setor de papel ondulado do país

Uma das preocupações dos fabricantes é referente ao impacto da crise mundial nos negócios da...

Veja mais