Família Klein quer avançar na OPA da rede Via Varejo

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Michael Klein, presidente do conselho de administração da Via Varejo, convocou uma reunião extraordinária do colegiado da companhia para a próxima sexta-feira para que se discuta avanços no plano de oferta pública de ações da rede (OPA).

A reunião não estava marcada e o Grupo Pão de Açúcar, controlador da rede, foi informado sobre ela em convocação na noite de quinta-feira, como antecipou na sexta-feira o Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor.

Os Klein querem saber do Grupo Pão de Açúcar, controlador da empresa, como evoluiu o pedido de oferta, feito por eles em maio, e discutir se até o fim deste mês é possível fazer a entrega da documentação da oferta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os Klein querem um "melhor alinhamento" dos planos com os sócios, levando em conta que eles informaram o grupo da decisão de uma oferta secundária de papéis três meses atrás, e até o momento não houve uma conclusão.

Se a conversa evoluir, levando em consideração as atuais condições do mercado, e a entrega da documentação acontecer neste mês, a operação acontecerá entre outubro e novembro.

Segundo fontes a par do assunto, os Klein e o GPA buscam uma decisão em conjunto, e os acionistas concordam que não dá para levar uma operação ao mercado a qualquer custo. Mas os Klein entendem que poderia haver espaço para a oferta com base nos resultados positivos do segundo trimestre da Via Varejo, e para isso a entrega da documentação teria que acontecer na semana que vem.

A família quer vender 35% das ações que possui na Via Varejo (ou 53,7 milhões de ONs, 16% do total) ainda neste ano, se houver ambiente propício no mercado. A empresa é formada da união de Casas Bahia e Ponto Frio. Pelo acordado, será uma oferta inicial de units, formadas por uma ação ON (com direito a voto) e duas PNs (sem direito a voto). Os Klein farão uma oferta secundária (recursos vão para o bolso dos acionistas) e a empresa, uma oferta primária de no mínimo 10% do capital total (dinheiro vai para o caixa da grupo).

A família fundadora da Casas Bahia também informou ao Grupo Pão de Açúcar na semana passada que realizou uma reorganização societária em sua participação na Via Varejo. Samuel Klein e Michael Klein transferiram, na semana passada, as suas ações para sociedades limitadas do grupo CB (Casas Bahia), com sede na Nova Zelândia, apurou o Valor.

O acordo de acionistas dos Klein com o GPA só impede a transferência das ações para terceiros. Parte das ações foi transferida para empresas ligadas a Natalie Klein, neta de Samuel, e para Michael, e isso estaria ligado ao interesse de Samuel, com 90 anos de idade, de passar para os herdeiros suas ações. Segundo fonte ouvida pelo Valor, essa transferência pode levar a benefícios fiscais para os Klein na conclusão da oferta de ações e é considerada legal.

Michael Klein transferiu 17,6 milhões de ações (25% do total que tem na empresa) para a Altara RK Investments Limited e para a Altara NK Investiments Limited, sediada na Nova Zelândia e cuja procuradora é sua filha Natalie Klein. Já Samuel Klein deixa suas ações na Via Varejo, que somavam 81,1 milhões de papéis, para o seu filho, Michael, e para a Bahia VV NK Limited, Bahia VV RK Limited e EK VV Limited, (EK é a sigla de Eva Klein, filha de Samuel).

Ao fim desse processo, a participação na Via Varejo ficou da seguinte forma: 18% com Michael Klein, 6,3% com Bahia VV NK, 6,3% com Bahia VV RK, 2,7% com Altara RK, 2,7% com Altara NK e 11% com EK VV Limited. A soma total dessas fatias atinge os 47% da família na Via Varejo.

Além da questão envolvendo a OPA, a reunião da sexta-feira ainda deve deliberar sobre a indicação de Francisco Valim para a presidência da Via Varejo. Valim, ex-presidente da Oi e da Net, e Líbano Barroso, ex- TAM, eram os nomes mais cotados para ocupar a posição. Valim foi escolhido, como antecipou o Valor PRO na sexta-feira, na busca de um nome que não tivesse ligação com qualquer dos acionistas, e que tivesse "pulso firme", e histórico de gestor eficiente e combativo.

Valim deve assumir o cargo no fim do mês, num momento em que a companhia começa a colher frutos da reestruturação, mas ainda distante de estar completamente ajustada. Novas reduções de despesas, com revisões de contratos e cortes de custos, devem estar na lista de suas tarefas, além da necessidade de retirar novos ganhos de integração de sinergias recém-criadas. Isso num momento em que Valim ainda terá que liderar a empresa na sua primeira grande oferta de ações no mercado.



Veículo: Valor Econômico


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