A Embaré Indústrias Alimentícias S/A, com três fábricas instaladas no município de Lagoa da Prata, na região Centro-Oeste do Estado, não alcançou o faturamento de R$ 560 milhões previsto para 2008. Afetada pelo desaquecimento econômico, a empresa somou receita de R$ 500,235 milhões no período, crescimento de 9,3% frente a 2007, quando movimentou R$ 457,610 milhões. Para 2009, a meta é repetir o crescimento de 2008.
As principais justificativas da retração, segundo o superintendente da Embaré, Haroldo Antunes, foram a queda de encomendas, a defasagem dos preços, a desvalorização cambial e a restrição de crédito. "A conjugação desses fatores derrubou o faturamento da empresa", disse. Os dados do balanço (2008) ainda não foram consolidados.
Para dar suporte ao crescimento de 10% previsto para este ano, a indústria, que produz leite em pó, caramelos, manteiga, leite condensado, creme de leite e bebidas lácteas, investiu R$ 59 milhões em equipamentos e outros R$ 6 milhões em obras de expansão da planta - 70% dos recursos foram provenientes de linhas de crédito internacionais (não reveladas).
Com a reforma, a área construída da fábrica passou de 24 mil metros quadrados para 32 mil metros quadrados. As obras foram concluídas, mas as operações começarão no próximo dia 22. De acordo com Antunes, o objetivo da expansão física é aumentar a capacidade de industrialização do leite, que passará dos atuais 1,1 milhão de litros/dia para 1,7 milhão de litros/dia. "Atingiremos 51 milhões de litros/mês, pois contamos agora com quatro equipamentos de evaporação e mais quatro câmeras de secagem", destacou.
Também serão ampliadas a produção de leite em pó, das atuais 2,8 mil toneladas mensais para 5 mil toneladas/mês; manteiga e creme de leite, de 150 toneladas/mês para 200 toneladas/mês; caramelos e doces de leite, de 1,2 mil toneladas/mês para 2,5 mil toneladas mensais e o processamento de bebidas lácteas das atuais 200 toneladas/mês para 250 toneladas/mês. Já a produção de leite condensado manterá o volume atual, 3 mil toneladas", enumerou.
Pessimismo - Ainda assim, a expectativa do superintendente é negativa. "O mercado de laticínios tem apresentado retração, provocando o aumento do estoque de alimentos na fábrica. Os consumidores estão comprometidos com crediários contratados na época do boom de oferta. Com a crise, ele não quer se endividar", analisou. Segundo Antunes, a empresa contabilizou um déficit de 2,2% nas vendas no período de janeiro a novembro de 2008 frente ao mesmo intervalo do ano anterior.
A Embaré comercializa doces para atacados de todo o Brasil. Os laticínios, que são vendidos para supermercados e distribuidores próprios, são direcionados especialmente para a região Nordeste do país. "Minas Gerais representa apenas 3,4% do nosso mercado. Atualmente, somente os doces são distribuídos no Estado. Porém, dentro do plano de ação para este ano, pretendemos iniciar a venda de bebidas lácteas em Minas", revelou.
Para driblar a queda das encomendas e a defasagem nos preços, a Embaré quer ampliar o mix e conquistar novos mercados. "Ainda estamos traçando o plano estratégico para este ano", disse.
Exportações - Apesar do dólar alto favorecer as exportações, a Embaré Indústrias Alimentícias S/A não prevê aumento no volume destinado para este mercado em 2009. A empresa distribui 50% dos caramelos produzidos para 44 países. "Com os efeitos da crise, o cenário poderá sofrer alguma transformação, pois os preços estão defasados", analisou Antunes.
Os reflexos da crise também adiaram os planos de transferência da atual planta de doces para um terreno mais afastado da área urbana de Lagoa da Prata. "O projeto - que estava previsto para este ano - está temporariamente suspenso, mas o terreno de 130 mil metros quadrados já foi adquirido pela empresa mediante aporte de R$ 750 mil (recursos próprios)", disse o dirigente.
Até março de 2008, a empresa tinha 1,450 mil empregados ante os atuais 1,392 mil funcionários, ou seja, dispensou 58 operários. Antunes garantiu que não haverão novas demissões.
Veículo: Diário do Comércio - MG