Setor de alimentos resiste melhor à crise

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O setor de alimentos no Brasil deve ser um dos menos afetados pela crise financeira internacional. A expectativa de economistas e analistas do setor de varejo e alimentos é de que as vendas domésticas desse tipo de produto demorarão mais para sentir os efeitos da falta de liquidez. As perspectivas para 2009 apontam para um leve crescimento ou estabilidade das vendas internas do setor de alimentos, considerado como um dos poucos blindados contra o quadro econômico desfavorável. A avaliação é de que a crise só chegará à indústria alimentícia em caso de aumento significativo do desemprego e queda na renda.

 

Historicamente, o consumo de alimentos apresenta um comportamento bem próximo ao do Produto Interno Bruto (PIB), conforme observa o analista da RC Consultores, Fábio Silveira. A expectativa da consultoria para o crescimento econômico do país em 2009 é de 2%, no piso das projeções da maioria dos economistas. Assim, para Silveira, o aumento do volume de vendas de alimentos deve ficar um pouco acima desse porcentual. Para os supermercados, a RC Consultores trabalha com uma alta de 3,2% no volume de vendas, ante 5% esperados para 2008.

 

Segundo a Abras, bebidas, alimentos, perfumaria e limpeza representam 77% das vendas dos supermercados. A alta correlação entre o comportamento do setor de alimentos e o crescimento do PIB ocorre porque a demanda por alimentos apresenta baixa elasticidade, o que significa que ela é menos influenciável por fatores extraordinários. "Alimento é o último item que as pessoas cortam de seu orçaamento. Com a renda menos comprometida com prestações, vai sobrar dinheiro para manter o padrão de alimentação. Isso deixa o setor protegido", avalia o analista de alimentos da Link Corretora, Rafael Cintra.

 

As vendas de produtos não-alimentícios, como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e artigos do lar, serão os primeiros afetados no varejo pela crise. Segundo o diretor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, consultoria especializada em varejo, Eugênio Foganholo, isso deve acontecer já no primeiro trimestre de 2009. Por serem financiadas em sua maioria, as compras desse tipo de produto serão comprometidas pela crise de crédito

 

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, concorda com a avaliação de Foganholo, e argumenta que a maior parte das compras de alimentos nos supermercados é realizada à vista, em dinheiro ou cartões de débito ou próprio, sem a necessidade de financiamento dos produtos. "Tradicionalmente, a área de alimentos não é financiada. O setor não vem se expandindo apenas à base do crédito", diz.

 

Para o curto prazo, portanto, não há expectativa de corte no consumo de alimentos, nem mesmo de produtos de valor agregado mais elevado, como derivados de leite. Segundo especialistas, a tendência é que, impossibilitados de comprar produtos de valor mais elevado, dependentes do crédito, os consumidores façam esforços para, pelo menos, manter o seu padrão atual nos itens não duráveis em 2009.

 

Para o varejo de uma forma geral, Foganholo aponta desaceleração em 2009, mas destaca que os supermercados devem segurar o desempenho do setor. "Os supermercados devem registrar um dos melhores desempenhos do varejo este ano", prevê. Para ele, os supermercados devem manter seu ritmo de expansão em 2009, porém abaixo da evolução observada até outubro, quando acumulou alta de 9,1%.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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