Apesar do aumento da produção de milho por causa da safra recorde de inverno, a soja deve continuar encabeçando a produção na próxima safra no País
A safra 2013/2014 foi marcada pela liderança da soja tanto no aumento da produção agrícola do País como da ampliação da área plantada, e deve continuar encabeçando o avanço da agricultura no período de 2013/ a 2014 diante das incertezas quanto ao milho, segundo analistas e produtores consultados pelo DCI.
Os números da soja superam o crescimento da cultura do milho apesar do recorde de produção do cereal na safra de inverno. Enquanto o volume colhido da oleaginosa avançou 22,5% com 15 milhões de toneladas a mais ante o ano safra anterior, a colheita do cereal cresceu 11,5%, com um aumento de 8,4 milhões de toneladas. Em área, as plantações de soja avançaram por 2,7 milhões de hectares, alta de 10,7%, enquanto a cultura do milho se ampliou por mais 726 hectares, um acréscimo de 4,8% em área plantada.
Segundo o pesquisador da área de grãos do Centro de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Cepea), Lucílio Alves, a liderança da soja deve se manter na próxima safra. "[O cenário] leva a crer em aumento da área de soja na primeira safra em detrimento da área de milho em boa parte das regiões do Brasil", assinalou.
O maior incentivo continua sendo a cotação da oleaginosa no mercado futuro. "Se considerarmos os contratos antecipados para entrega em março e abril de 2014, estão sendo comercializados a valores muito próximos aos observados em 2013. É um bom cenário para o produtor."
As exportações crescentes do grão também colaboram para a redução dos estoques internos e a consequente manutenção de preços firmes aos agricultores no mercado interno. "As estimativas para a próxima safra dos Estados Unidos não deve ter impacto em estoque de passagem e deve manter preços em nível atrativo para produtores", observou.
Já o cenário para o plantio de milho no verão está mais instável. Em Sorriso (MT), cidade que colheu cerca de 509 mil toneladas de milho apenas na segunda safra do cereal, os produtores devem aguardar até novembro para decidir o tamanho da área de plantio para o próximo período. "Se [os preços] continuarem como estão, [a área] vai recuar. Vai depender de mercado futuro", disse o presidente do sindicato rural da cidade, Júnior Ferla.
Em Arapoti (PR), o produtor Ely de Azambuja já tomou a decisão e optou por manter os mil hectares de milho onde o cereal foi plantado na última safra. "Teremos mais variedades [de sementes]. Mas estamos apostando em continuidade da área", contou o agricultor.
Exportações
As exportações de milho até o final do ano podem reverter a perspectiva pouco otimista com relação à área plantada nos próximos meses. Apesar da safra recorde e dos altos estoques, se o Brasil continuar exportando a média atual de 2,5 milhões de toneladas do cereal por mês, pode ocorrer uma redução de estoques internos que favoreça o aumento dos preços, segundo o pesquisador do Cepea.
Os estoques neste ano estão com o dobro do volume do ano passado, em 16,2 milhões de toneladas. E a produção na safrinha somou 46,2 milhões de toneladas. "Talvez algo possa mudar se as exportações ultrapassarem 20 milhões de toneladas", disse Alves. De janeiro a agosto, o Brasil exportou 12,3 milhões de toneladas de milho.
No ano passado, mesmo com uma produção menor, as exportações de milho entre setembro e janeiro deste ano totalizaram quase 17 milhões de toneladas.
Apesar dessa possibilidade, a maior parte da decisão de área a ser plantada com milho já foi tomada, e no sul alguns agricultores inclusive já iniciaram o plantio.
Veículo: DCI