O mercado doméstico de trigo segue operando em ritmo de lentidão. No Paraná a colheita se aproxima de 20% da área plantada e ainda não é possível vislumbrar a oferta de lotes de grande porte e de boa qualidade. Com isso, o ritmo dos negócios é bastante lento e as pedidas dos vendedores permanecem entre R$ 1.000,00 e R$ 1.100,00 por tonelada. No Rio Grande do Sul, enquanto se espera pela contabilização das perdas relacionadas às geadas desta semana, os agentes começam especular sobre o preço de negociação da safra nova. Neste momento, fala-se entre R$ 700,00 e R$ 750,00 a tonelada.
As atenções também se voltam para o Paraguai. Fonte consultada no país informou que não é possível encontrar lotes homogêneos, podendo ser possível encontrar produto com 50 de PH até 84 de PH com falling number de 300. Na região de Canindeuy, que faz divisa com o Oeste paranaense, as perdas reportadas ficam entre 50 a 70%. Colhendo antes da Argentina, o Paraguai vinha sendo uma das principais fontes de abastecimento dos moinhos brasileiros até o ingresso da safra do seu principal fornecedor. Neste ano, essa fonte terá um saldo exportável menor.
O mais recente boletim da Emater/RS-Ascar sobre a cultura de trigo no Rio Grande do Sul aponta que as condições climáticas até o início da semana no Estado foram de clima majoritariamente seco e quente, não tendo permitido o avanço das doenças no trigo. A lavoura no RS se encontra em ótimas condições, apresentando-se nas fases de desenvolvimento vegetativo com 34%, floração com 37% e enchimento de grãos com 29%. O padrão fitossanitário do trigo se mantém muito bom, trazendo boas perspectivas, devendo obter rendimento médio superior ao inicialmente estimado e de boa qualidade industrial. No entanto, até a colheita, o trigo ficará muito dependente das condições climáticas futuras, pois ainda é grande o risco de geadas fortes, podendo atingir a cultura com bom percentual de plantas em fase de floração, fase esta mais sensível e suscetível à diminuição do potencial produtivo.
Na semana anterior, a geada causou danos em algumas lavouras da região Noroeste, fazendo surgirem algumas solicitações de Proagro, mas de caráter apenas pontual, não afetando no todo. No decorrer desta semana, ocorreu formação de geadas localizadas no Norte do Estado (do Noroeste ao Planalto), que já poderá apresentar problemas nessas áreas atingidas, o que será avaliado nos próximos dias. O preço do trigo se mantém firme, com tendência de alta, o que se justifica, entre outras situações, pelas geadas que aconteceram no Paraná, prejudicando enormemente a safra daquele Estado. Nesta semana, no RS, a saca de 60 kg obteve novo aumento de 1,53%, passando para R$ 39,70.
De acordo com o último relatório do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) do Paraná, a colheita de trigo está 18% concluída, contra 10% da semana anterior. Encontram-se em boas condições 32% das lavouras, 39% em condições médias e 29% em condições ruins. Do total, 0% das plantações estão em germinação, 9% em desenvolvimento vegetativo, 14% em floração, 41% em frutificação e 36% em maturação. A comercialização é de 9%.
Veículo: Diário do Comércio - MG