O presidente da Vale S/A, Murilo Ferreira, aposta na China e também na Índia para sustentar o mercado de commodities minerais nos próximos anos. Durante o 15º Congresso Brasileiro de Mineração, ontem, em Belo Horizonte, o executivo afirmou que esses países, em especial a China, ainda têm um longo processo de urbanização pela frente, o que garantirá uma forte demanda por minérios e metais.
"Não apostem contra a China. perda certa", disse. Segundo Ferreira, o país asiático tem um índice de 35% de pessoas vivendo em centros urbanos, o que cria uma demanda pela melhoria da qualidade das moradias e também para diminuir o atual déficit habitacional. "Para acomodar este processo de urbanização, seis novas cidades com elevada densidade populacional devem ser criadas na China dentro dos próximos 15 anos", afirmou.
Além disso, os investimentos em infraestrutura na China devem continuar puxando o consumo de minérios e metais. Só para se ter uma ideia, conforme informações do presidente da Vale, o país asiático tem atualmente 78 mil quilômetros de ferrovias e, em 2015, deve saltar para 120 mil quilômetros de linhas férreas. Da mesma forma, hoje são cerca de 5,4 mil quilômetros de estradas cortando o território chinês e a projeção aponta para 139 mil quilômetros de rodovias em 2020.
Outro dado que ajuda a sustentar as projeções de que a China continuará como maior comprador mundial de minério de ferro é relacionado ao setor automotivo do país. Segundo Ferreira, embora os chineses tenham a maior indústria automotiva do mundo, em cada mil chineses, apenas 43 têm automóveis, ou 4,3%. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, essa proporção passa de 60% e 40%, respectivamente.
Demanda - Durante palestra no evento, Ferreira revelou ainda alguns números da Vale. De 2008 a 2012, a mineradora investiu US$ 42,6 bilhões só em projetos no Brasil. Neste mesmo período, foram US$ 6,5 bilhões em aportes em pesquisa e desenvolvimento. O executivo disse também que a mineradora está se preparando para tal crescimento de demanda e citou os projetos em Minas Gerais (Itabiritos, Itabiritos II, Vargem Grande Itabiritos e Cauê) como pontos-chave para a companhia.
A logística é outro desafio. De acordo com Ferreira, a Vale precisa investir pesado no setor para se manter competitiva, uma vez que o maior concorrente, a Austrália, está muito mais próxima do continente asiático e, por isso, possui valores de frete mais baixos. O presidente da Vale revelou ainda que a mineradora já está em tratativas para fornecer pelotas para siderúrgicas nos Estados Unidos, o que não acontece atualmente.
Veículo: Diário do Comércio - MG