A Arcor, fabricante argentina de doces, chocolates e biscoitos, está investindo R$ 200 milhões no Brasil como parte do plano de estruturar o portfólio para chegar a R$ 1,8 bilhão em vendas em 2016. O investimento começou a ser feito em 2012 e deve terminar neste ano, quando a companhia entra num novo segmento, o de biscoito salgado em pequenas embalagens.
A Arcor está criando novos produtos -- um deles é o biscoito salgado do tipo "porcionado" (em embalagens de 27 gramas) que vai concorrer com o Club Social, da Mondelez (ex-Kraft Foods), e o Pit Stop da Marilan.
O segmento de biscoito salgado "porcionado" cresceu de maneira expressiva nos últimos cinco anos, e as vendas somaram R$ 582 milhões em 2012. O segmento cresceu mais do que a média geral do mercado de biscoitos, que avançou 3,2% no ano passado, para R$ 7 bilhões. Com isso, o biscoito "porcionado" passou a representar 8% do setor no Brasil. O país é o segundo maior mercado de biscoitos do mundo, atrás dos Estados Unidos, diz Loredana Mariotto, diretora de marketing da Arcor.
A Arcor já vende biscoito salgado das marcas Triunfo e Aymoré no Brasil- mas com outros formatos, não de pacote pequeno. A divisão de biscoitos faturou R$ 365 milhões no ano passado, considerando todas as linhas - a Arcor tem também a marca Danix, para o público infantil, e o breakUP.
O novo biscoito faz parte da marca breakUP, até então focada em produtos doces e recheados. A produção começou há três semanas, na mesma fábrica onde as outras linhas da marca são feitas, em Campinas (SP). De lá, começou a ser distribuído pelo país.
A nova linha recebeu R$ 2,5 milhões em maquinário, desenvolvimento e tecnologia. Outros R$ 2 milhões foram aportados em desenvolvimento de embalagem e comunicação. Em 2014, a marca breakUP deve receber mais de R$ 5 milhões em comunicação e marketing. O valor inclui o contrato de R$ 1 milhão com o skatista Bob Burnquist, garoto-propaganda da linha de biscoitos desde 2002.
As vendas da marca breakUP devem somar R$ 15 milhões em 2013 - sendo R$ 3 milhões provenientes do novo produto. O plano da Arcor é dobrar as vendas da marca, para R$ 30 milhões, em 2014. Com a iniciativa, a breakUP deixa de ficar concentrada nos Estados de Espírito Santo e Rio de Janeiro e passa a ser distribuída em todo o país.
Do investimento total de R$ 200 milhões, R$ 110 milhões são para marketing e R$ 90 milhões em ampliação de linhas de produção. A Arcor não informa se os recursos saem do caixa da empresa ou de linhas de financiamento.
Os gastos com marketing subiram de R$ 50 milhões em 2012 para R$ 70 milhões neste ano. O investimento na produção se deu principalmente no ano passado, quando a Arcor desembolsou R$ 60 milhões em suas cinco fábricas; neste ano, já foram gastos R$ 20 milhões. A Arcor comprou novas máquinas para produzir chocolates, balas amanteigadas e bombons - uma delas foi desenvolvida pela alemã Bosch, disse a diretora. "Os maiores investimentos foram concentrados nessas três linhas", observou.
Os investimentos estão ajudando a empresa a crescer em um ano "difícil", segundo a executiva. Para 2014, a empresa prevê manutenção de custos altos e um dólar forte. Em 2012, a Arcor faturou R$ 1,1 bilhão no Brasil. No mundo, foram US$ 3,3 bilhões, 15% a mais do que em 2011. Loredana diz que a empresa planeja fazer novos aportes em suas linhas de produção no Brasil nos próximos três anos, mas não informou valores.
A Arcor tem 93 distribuidores e quatro centros de distribuição no Brasil: Contagem (MG), Campinas e Bragança Paulista (SP), e no Porto de Suape, em Pernambuco, de onde saem os produtos exportados - principalmente guloseimas e chocolates - para mais de 120 países.
O grupo possui 39 fábricas na América Latina, sendo 29 na Argentina, cinco no Brasil, três no Chile, uma no Peru e uma no México. A Arcor produz 170 mil toneladas de produtos, considerando as três categorias em que atua, ao ano no Brasil. A produção de biscoitos corresponde a mais da metade do total fabricado pela empresa.
Veículo: Valor Econômico