Operações casadas crescem entre franquias

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Com investimento, em média, 45% mais baixo, empresas apostam na junção de duas marcas ou mais (co-branding) para ampliar a presença de suas bandeiras pelo País. Por meio do franchising - que mostra-se mais flexível a mudanças para continuar em crescimento -, elas chegam a regiões com população de até 500 mil habitantes e mostram-se tão rentáveis quanto operações localizadas em grandes centros.

Dentre os cases de sucesso, destaque à marca Love Brands, que agrega em um mesmo local as operações da Balonè de bijouterias - marca pertencente ao Grupo Ornatus, que detém também a Morana, de acessórios femininos, Jin Jin Wok, Jin Jin Sushi, Little Tokyo e My Sandwich, todas de alimentação -, a Imaginarium, de presentes, e a Puket, de vestuário, com destaque às lingeries. Em entrevista ao DCI, o diretor de expansão da rede, Marcelo Sarpe, afirmou que a Love Brands surgiu para atender uma demanda de mercado, que era levar marcas renomadas a regiões com população de até 250 mil habitantes que, preferencialmente, não tenham shopping centers.

"Por ser uma operação com investimento de baixo custo, o local ideal de implantação são as ruas em que o comércio é consolidado, ruas essas típicas em regiões interioranas, por exemplo", disse.

Se o investidor fosse abrir as três marcas separadas, ele teria de ter um capital de mais de R$ 1 milhão, uma vez que elas têm custo de abertura que variam de R$ 300 a R$ 500 mil cada. Ao investir na Love Brands, esse custo cai para menos da metade, já que o investimento inicial para abertura de uma loja da marca é a partir de R$ 200 mil. "Procuramos ajudar o franqueado a encontrar um local em que o aluguel seja de até R$ 3 mil. No valor do investimento estão inclusos os custos com mobiliário, R$ 60 mil em estoque e uma porcentagem que será usada como capital de giro", explicou Sarpe. O retorno do investimento é de até três anos e o franqueado fatura, em média, R$ 35 mil ao mês.

Questionado sobre a dificuldade de se encontrar pontos comerciais nessas regiões, Sarpe explicou que existe sim, que é praticamente igual aos grandes centros, em especial encontrar imóveis adequados para receber uma loja. "A dificuldade existe sim, mas o mais complicado é encontrar um imóvel que não demande muita reforma, pois não vale arcar com esse custo", explicou.

Lançada no mercado em junho do ano passado, a Love Brands já apresenta números atrativos: 15 lojas em operação até o mês passado e perspectiva que esse número dobre até o final do ano. " Queremos fechar o ano com 30 ou mais lojas abertas. Para o próximo ano (2014), a expectativa é que outros 35 ou 40 pontos de venda sejam inaugurados no País", explicou o executivo.

Segundo o diretor de internacionalização da Associação Brasileira de Franchising (ABF), André Friedheim, o co-branding é uma tendência no País. "Acredito que isso é uma tendência uma vez que houve mudança no consumo e no hábito do consumidor. Ele está mais atento à marca do que era antes", disse.

O especialista afirmou também que além do case da Love Bands, os segmentos de alimentação e de serviços, hoje em ascensão no setor, são capazes de assimilar esse modelo de negócio. "No setor de serviços um nicho que é bem propenso a formatação em co-branding é o de educação. Por exemplo, você tem uma escola de inglês que oferece um curso preparatório para concursos", disse.

O importante, na opinião de Friedheim, é que ao se fazer a junção procurem-se marcas que sejam sinérgicas e não concorram entre si. "Com dois, três ou mais operações - que não competem entre si - essa operação consegue passar pela sazonalidade de forma mais proveitosa que as monomarcas", explicou.

A entidade não sabe mensurar quantas operações de co-branding o franchising tem atualmente, mas na opinião de Friedheim, isso vai se tornar mais comum conforme o segmento for chegando a regiões mais afastadas. "Esse formato é uma excelente iniciativa para as marcas que atuam no franchising e que querem ir a locais onde uma operação monomarca não seria rentável", argumentou, ao que concluiu: "Mesmo tendo baixo custo de implantação e de manutenção da operação, elas são tão rentáveis quanto uma loja monomarca localizada em São Paulo ou no Rio de Janeiro".

Quem aproveitou a sinergia entre as operações para oferecer ao investidor o formato "dois em um" foi a CPQ Brasil. Detentora das marcas Casa do Pão de Queijo e, desde 2008, da O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, tem oferecido, com foco maior aos que já são franqueados da marca, a operação casada. "Estamos em processo de reforma de pontos já instalados. Para aproveitar que algumas mudanças serão feitas, oferecemos aos nossos franqueados a possibilidade de abrir a segunda operação, sem a necessidade de todo o trabalho de uma loja nova", disse o gerente de operações da CPQ, Thiago Rebelo.

Ainda segundo Rebelo, depois que a marca O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo se consolidou no mercado, foi percebido que as duas operações eram similares e isso fez com que a empresa, no ano passado lançasse no mercado o formato em co-branding. "O mix de produtos é complementar, enquanto na Casa do Pão de Queijo temos os salgados (snacks) rápidos e o café, com a operação do "Bolo" temos o doce. Isso atende o consumidor em todas as suas necessidades na hora que ele quiser comer algo rápido", explicou Rebelo.

O formato casado passou a ser comercializado no ano passado e, segundo Rebelo, ela é voltada mais para as operações que estão localizadas em shopping centers. "Pode até que se abra unidades em ruas, mas o modelo de negócio é mais específica para os shoppings", disse.

Além disso, o gerente de operações explicou que com a junção das marcas, o investidor consegue vender 40% a mais com o aumento do sortimento oferecido. "Você consegue aumentar o lucro em 40%, pois utiliza uma estrutura única em duas operações distintas", explicou. Com R$ 300 mil em média é possível investir em uma operação casada da CPQ Brasil, e esse valor é quase a metade se as duas operações fossem separadas. "A Casa do Pão de Queijo custa a partir de R$ 300 mil e a do Bolo R$ 250 mil. Quando compradas juntas, elas custam ao investidor a partir de R$ 300 mil.



Veículo: DCI


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