O aumento da produção de leite decorrente do início da safra não foi suficiente para evitar que os preços pagos ao produtor brasileiro atingissem o maior valor em 13 anos em setembro, em termos reais, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Cepea/Esalq), divulgado ontem.
O preço bruto médio pago aos produtores de leite das principais bacias leiteiras do país em setembro subiu 2,8% ante agosto, a R$ 1,1162 por litro. O valor pago em setembro se refere à produção de leite entregue aos laticínios em agosto. Trata-se do maior valor da série histórica do Cepea, que teve início em janeiro de 2000. Além disso, é a oitava valorização mensal consecutiva das cotações do leite.
De acordo com o Cepea, os preços mais altos do leite ao produtor se devem à queda das importações de lácteos e ao patamar elevado dos preços dos derivados, que amplia a rentabilidade dos laticínios e, consequentemente, do pecuarista.
Entre janeiro e agosto, as importações brasileiras de lácteos totalizaram 697,4 milhões de litros em equivalente leite, queda de 8% ante os 758,5 milhões de litros do mesmo período de 2012, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Cepea.
A forte queda do volume importado pelo Brasil é consequência dos problemas climáticos que atingiram a Nova Zelândia e reduziram os estoques globais de leite em pó, impulsionando os preços do produto. A maior parte das importações do Brasil vem de Uruguai e Argentina.
Diante da menor oferta de lácteos importados - basicamente, leite em pó e queijos -, o maior volume de leite produzido no Brasil em agosto não foi capaz de evitar nova alta dos preços ao produtor, conforme o relatório do Cepea.
Analistas observam ainda que a disputa entre os laticínios por matéria-prima também tem dado sustentação aos preços do leite aos produtores nacionais.
Impulsionado pela região Sul, o volume de leite fornecido pelos produtores de leite do país cresceu 2,04% em agosto na comparação com julho, de acordo com o Índice de Captação de Leite do Cepea.
A maior oferta de leite na região Sul está diretamente relacionada aos preços elevados pagos ao produtor, diz o relatório do Cepea. Mais capitalizados, os pecuaristas têm maior poder de compra de ração concentrada - grãos -, e silagem de maior qualidade, ampliando a produtividade das vacas em lactação.
Veículo: Valor Econômico