Empreendedores e varejistas alertaram para a importância de aliar e-commerce e novas tecnologias à venda física dos empreendimentos
Com uma perspectiva de crescimento nominal de 8,5% a 9% no faturamento sobre os R$ 114 bilhões registrados em 2012, as lojas de shoppings no Brasil precisam estar preparadas para seguir as tendências do mercado e repensar as estratégias de marketing. Por isso, a fim de capacitar os lojistas e empreendedores do setor, a Associação de Lojistas de Shopping do Brasil (Alshop) realizou ontem pela primeira vez em Porto Alegre o Brasilshop Congresso Internacional de Varejo.
Otimista ante os dados positivos do setor, o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, disse estar confiante na projeção de crescimento nas vendas, principalmente graças às compras de Natal, apesar da influência negativa do dólar sobre varejistas focados na venda de importados. Para Sahyoun, “o setor de vestuário sofre bastante com a competição com artigos adquiridos no exterior, porém, as compras de lembrancinhas da população de baixa renda deve dar um ânimo ao mercado”, disse Sahyoun.
A Alshop estima o incremento de 157 novos shopping centers no País até meados de 2015, 41 deles já em 2013, sobre os 828 empreendimentos já existentes. Movimentação que deve resultar no surgimento de pelo menos 28 mil novos pontos comerciais a serem somados às 113,3 mil lojas existentes.
Apenas em Porto Alegre, segundo dados da Alshop, devem ser instalados nove novos shoppings (que já estão em construção), gerando mais de 1,3 mil novas lojas e aproximadamente 13 mil empregos. Além disso, outros seis centros comerciais serão instalados nas demais cidades da Região Metropolitana, o que, conforme o superintendente do Shopping Total, Eduardo Oltramari, “deve estimular os negócios existentes a se reinventarem, serem criativos e personalizarem cada vez mais o serviço”.
Afirmando que “o futuro é dos empreendimentos que consideram os seus lojistas clientes”, Oltramari enfatizou a importância para os shoppings de o varejista transpor os obstáculos impostos pelo mercado. Representando os empresários gaúchos, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre e diretor da Trópico, Gustavo Schifino, afirmou que o principal desafio do segmento é se adaptar às cinco novas tecnologias que transformaram o mercado - Facebook, Google, Apple, Amazon e eBay. “O lojista precisa saber compreender esse mundo em que o digital e o físico estão fundidos”, pontuou Schifino.
A presidente do Instituto CDL e diretora da Estrela Franquias (franqueadora das marcas Barriga Verde e Caverna do Dino), Fabiana Estrela, acrescentou que as lojas precisam investir no e-commerce (lojas virtuais) como mais um canal de aproximação com o cliente, mas é necessário manter a venda direta. “Nem temos e-commerce e recebemos consumidores nas lojas para tirar dúvidas sobre montagem e uso de produtos comprados na internet”, exemplificou Fabiana, concluindo que nada substitui o atendimento tradicional.
Além disso, os empresários destacaram a conquista mais recente dos varejistas gaúchos: a extinção da cobrança do imposto de fronteira. Porém, Schifino lembrou que é preciso manter a mobilização da categoria para garantir novas vitórias.
Um dos palestrantes mais esperados do encontro, o publicitário e chairman da agência WMcCann, Washington Olivetto, tratou do tema marketing no varejo. Olivetto apresentou algumas das campanhas mais emblemáticas desenvolvidas por ele desde os anos 1980 e foi categórico ao afirmar que o “marketing do varejo pode e deve ter brilho”.
Estima-se que em torno de 250 pessoas tenham comparecido ao congresso, tido como o principal voltado ao setor varejista de shop-ping center no Brasil. Realizado há 12 anos em São Paulo, neste ano o evento também terá edições em Brasília, Goiânia e Fortaleza.
Veículo: Jornal do Comércio - RS