Kanui, Kabum e Ítaro são algumas das empresas que aumentaram suas vendas com a presença em ferramentas de comparação de produtos. Com a grande oferta de itens no e-commerce, plataformas como Zoom e Buscapé permitem uma democratização da oferta e uma maior concorrência entre varejistas grandes e pequenos.
Só o Kabum, por exemplo, prevê incremento de 80% no faturamento em 2013. A marca atua há dez anos vendendo principalmente eletrônicos, possui dois milhões de clientes ativos e figura entre os 120 sites mais visitados do País.
"Trabalhamos desde o início com comparadores", afirma o diretor executivo e fundador do Kabum, Leandro Ramos. "A evolução deste serviço nos ajuda muito. Hoje não se comparam apenas preços, mas também a credibilidade da empresa. Isso nos rende vendas mesmo se o preço não for o mais baixo."
O player, que dobrava de tamanho a cada ano, sentiu uma desaceleração em 2013 por causa da oscilação cambial, mas já planeja retomar o crescimento no ano que vem. "Realizamos investimentos em todas as áreas, desde estrutura física até os servidores, onde o aporte foi de R$ 2 milhões", aponta Ramos. "Todo o processo deve fazer efeito em 2014, quando devemos crescer 100% de novo."
Os comparadores também são considerados cruciais pela Kanui, e-commerce de artigos esportivos que existe há dois anos e pertence ao grupo alemão Rocket Internet. O gerente de marketing da empresa, Guilherme Becker, destaca que plataformas deste tipo são um dos principais caminhos para gerar tráfego. "Hoje os comparadores são quase tão relevantes como Facebook e links patrocinados do Google. Com eles conseguimos trabalhar produtos não compatíveis com rede sociais por serem mais caros, por exemplo."
Outra vantagem, segundo Becker, é a maior precisão no retorno das informações. "Com essas ferramentas é possível saber quanto se gasta e qual a real conversão de vendas."
Já a Ítaro, varejista virtual de pneus e autopeças, vê nos comparadores de produtos um canal para impulsionar as vendas iniciais. O diretor executivo da marca inaugurada em janeiro deste ano, Jan Riehle, acredita que a importância tende a diminuir com o tempo. "Foi um dos primeiros canais para marketing, porque no Brasil os consumidores se baseiam muito no preço. A longo prazo esse canal não será tão importante, pois pretendemos nos destacar pelo serviço oferecido."
A Ítaro está presente em quatro comparadores de preços. "Os comparadores nos dão um tráfego de clientes muito alto, mas não é muito escalável, não esperamos uma evolução do movimento vindo dessa solução", conclui Riehle. A companhia está aumentando seu faturamento em 20% ao mês, com a projeção de alcançar R$ 10 milhões no primeiro ano de operação.
Vantagens para pequenas
O serviço de comparação de produtos é geralmente associado aos consumidores, mas pode representar algumas oportunidades para os varejistas, sobretudo para os menores. "Para a pequena empresa, é uma plataforma de subsistência. É uma das únicas maneiras de divulgar sua loja e produtos sem grandes investimentos em marketing", afirma o vice-presidente de comparação de preços da Buscapé Company, Rodrigo Borer. "Essas empresas ficam lado a lado das grandes, desde que tenham boa qualidade de serviço."
Em geral, os comparadores de preço cobram as empresas anunciantes de acordo com o número de cliques. Quanto mais acessos o Buscapé ou o Zoom, por exemplo, render ao varejista, maior o valor pago. De acordo com o executivo, com a maior facilidade de se abrir uma operação de e-commerce, o número de empresas deste tipo cresceu muito. "Nos dois últimos anos tem ocorrido uma descentralização muito forte. Muitas marcas pequenas e médias surgiram."
Já as grandes marcas, segundo Borer, "têm mais uma porta de acesso ao consumidor, promovendo seus produtos para um público ainda maior". A proposta do Buscapé é agrupar o maior número de varejistas possível. "Buscamos a cobertura de 100% do varejo on-line. Temos hoje cerca de 40 mil lojas, o que deve representar uns 90% de todo o e-commerce brasileiro."
Para o diretor executivo da plataforma de comparação de produtos Zoom, Adriano Lopes, esse tipo de serviço contribui para uma maior seletividade dentro do e-commerce. "Os varejistas têm os comparadores de preço para o bem e para o mal. Por um lado, vai indicar se está com uma precificação ruim, acima dos concorrentes. Por outro, pode levar a uma melhora de conversão nas vendas se tiver um preço bom, além de trazer um ganho de marketing interessante", relata.
O Zoom existe há dois anos e hoje recebe cerca de 10 milhões de visitantes por mês. A empresa oferece um serviço um pouco distinto do Buscapé, pois conta com um número reduzido de varejistas listados. "Temos cerca de 300 lojas, praticamente todos os grandes varejistas da internet e mais uma outra centena de médias ou pequenas. Mas nossa intenção não é ter duas mil ou três mil lojas anunciando", ressalta Lopes.
Evolução do mobile
Uma das novidades nesta categoria é o uso de comparadores de preços em plataformas móveis (smartphones e tablets). Para Rodrigo Borer, essa tem sido uma das principais apostas do Buscapé, que registrou aumento deste tipo de uso entre 15% e 20% ao mês no último semestre. "É natural, clientes buscam informação sobre o produto a qualquer momento, inclusive nas lojas. E isso mostrou aceleração quando operadoras de telefonia passaram a oferecer planos pós-pagos de dados mais baratos."
Já o diretor executivo do Zoom, Adriano Lopes, desconfia desta tendência. "Não vejo um movimento de comparação muito forte em lojas de rua, principalmente porque o Brasil não tem qualidade de internet suficiente", destaca. "Nos Estados Unidos, onde há infraestrutura de melhor nível, essas compras não representam nem 5% do e-commerce. Aqui é ainda mais incipiente."
Veículo: DCI