Um levantamento do International Farm Comparison Group (IFCN), grupo que analisa a produção mundial de leite e as tendências de mercado, prevê que em 10 anos o Brasil vai importar cerca de 4,9 bilhões de litros do produto anualmente. O cenário foi apresentado durante evento realizado em Oxford, na Inglaterra, que reuniu empresas e lideranças do setor.
Esta tendência é confirmada pelo zootecnista e consultor da Scot Consultoria Rafael Ribeiro de Lima Filho. O analista avalia que existe uma demanda acima do que se tem produzido atualmente no País, que tem um consumo per capta de 180 litros por habitante/ano. Entretanto salienta que existe espaço para o crescimento da produção nacional e reversão deste panorama. “Podemos melhorar a produção, cobrir este déficit e ter excesso de leite para pensar até em exportar”, afirma.
Nessa linha segue o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Wilson Zanatta. O dirigente garante que a produção gaúcha chega a alcançar cerca de 4 bilhões de litros ao ano no universo de produção brasileira anual de 34 bilhões de litros. Ele informa que o consumo tem girado em torno de 35 bilhões de litros e que tem aumentado 5% ao ano no País. “Em casos de produtos derivados, como o iogurte e o queijo, este aumento de consumo pode ser ainda maior”, revela.
Para o dirigente, no entanto, este cenário futuro de alta nas importações não deve ocorrer. “Acredito que o Brasil inclusive pode reverter o quadro e voltar a ser exportador como no período entre 2004 e 2007. Temos clima e solo para pastagens que nos dão condições para aumentar a produção”, completa Zanatta.
Depois de fatores que desestimularam os produtores, como a alta nos custos de produção em 2012 devido à falta de matéria-prima como o farelo de soja e o milho, o analista da Scot Consultoria afirma que o cenário tem se mostrado favorável para o leite em 2013, com valores vantajosos. O cenário dos preços ao produtor é confirmado pelo levantamento Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Os valores pagos ao produtor continuaram subindo em setembro e alcançaram o maior patamar real da série iniciada em 2000, sendo esta a oitava alta consecutiva. O preço bruto aumentou 2,8% em relação a agosto e chegou a R$ 1,1162/litro. Se comparado com o de setembro de 2012, representa expressivo acréscimo de 21,7% na receita do produtor.
No mês de agosto, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as importações de produtos lácteos tiveram queda de 5,7% em relação à julho chegando a 16,99 milhões de quilos. A balança comercial apresentou um déficit de 14,4 mil toneladas em agosto, uma redução de 4,5% em relação à julho. Isso se explica porque, apesar da diminuição do volume de produtos como o leite UHT, houve aumento de quase 50% na importação de leite pó, que é um produto de maior valor agregado.
Veículo: Jornal do Comércio - RS