Leite estabiliza preços

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Acumulando a oitava alta consecutiva, valor do litro do leite ao produtor bate recorde e chega à média de R$ 1,11. Tendência dos próximos meses é de estabilidade nos preços

 



A melhora no poder aquisitivo das famílias brasileiras e a baixa remuneração aos produtores nos anos de 2011 e 2012 são os grandes vilões para a oitava alta mensal consecutiva no preço do leite neste ano, é o que afirmam analistas de mercado e representantes do setor. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), o preço bruto, que inclui frete e impostos, aumentou 2,8% em relação ao mês passado e chegou a R$ 1,11 o litro. Apesar do histórico de valorização, a expectativa é de que os preços se estabilizem e até recuem, chegando ao consumidor final com valores menores nos próximos meses.

“Se pegarmos como indicativo a expectativa de representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Cepea, a tendência é de manutenção nos valores. Do total de entrevistados, 71,3%,que representam 75,6% do leite amostrado, acreditam que os preços continuarão no mesmo patamar de setembro”, destaca o analista de mercado do Cepea, Paulo Moraes Ozaki.

De acordo com Ozaki, na contramão do aumento nos preços ao produtor, no atacado já se percebe um pequeno movimento de queda nos valores. “Os preços do leite UHT e do queijo mussarela em São Paulo, maior consumidor de laticínios do país, em setembro registraram uma manutenção, tendendo a uma leve redução.

Diante disso, se não houver um desaquecimento da produção, tudo leva a crer que os preços continuarão nesse patamar”, completa.

De acordo com dados do Cepea, o leite UHT e o queijo mussarela registravam, em São Paulo, preço médio de R$ 2,34/litro e de R$ 13,17/kg  reduções de 0,14% e de 0,04% sobre agosto, respectivamente. O levantamento é realizado pelo instituto diariamente com laticínios e atacadistas.

No acumulado do ano, de janeiro a setembro, a inflação anual do leite e derivados, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), registrou alta de 17,66%  14,03 pontos percentuais maior que o índice geral, que fechou em 3,63%. Segundo o economista André Braz, do Ibre, a queda nos preços do leite que tem peso de 2,2 % no orçamento das famílias brasileiras, o maior dentro do grupo de alimentos  vem sendo aguardada
pelos brasileiros.

“Assim como a carne, os laticínios estão pesando bastante no orçamento e nem todas as famílias podem abrir mão desses itens essenciais”, avalia Braz.

Presidente da Associação Brasileira dos produtores de Leite, a Leite Brasil Jorge Rubez, aposta numa queda nos preços do produto já a partir deste mês. “Chegamos em um patamar em que o produtor está no lucro. Não um lucro exorbitante, mas uma margem que dá possibilidades para que ele mantenha a produção de leite aquecida e, com o aumento da oferta do produto no mercado, os preços devem baixar”, avalia.

Outro fator que pode ajudar a desacelerar essa alta no preço do leite é o fim do período de estiagem. “Aquele produtor que usa prioritariamente o pasto para alimentar o rebanho vai aparecer, ajudando a pressionar a quantidade de lucro de leite”, afirma Rubez, que antecipa que o mercado deve fechar o ano com um volume de produção da ordem de 33 bilhões de litros.

Hoje, para sustentar o consumo interno de leite, que é de 180 litros per capita (por habitante), segundo dados da Leite Brasil, o país importa o produto do Uruguai e da Argentina, países parceiros do Mercosul que contam com compensações tributárias. De acordo com o setor, a previsão é de que o mercado brasileiro chegue ao consumo de 200 litros de leite per capita em breve.

“Vivemos os impactos de uma baixa remuneração do leite nos anos de 2011 e 2012. Como havia leite suficiente no mercado nesse período, os produtores passaram a ser mal remunerados, o que levou muitos a desistirem da produção.

Com os baixos investimentos no produto, houve a redução da produção. No entanto, tivemos um aumento na renda do brasileiro, que passou a consumir mais leite. Como a oferta não acompanhou a demanda, tivemos a elevação no preço do produto”, resume Jorge Rubez.

De acordo com dados do Cepea, nem o aumento da produção de leite no Sul foi capaz de equilibrar a oferta e a procura do produto no país ao longo deste ano. Os produtores sulsitas forneceram 4,53% amais de leite no comparativo com julho.

De acordo com o Centro de Estudos, diferente dos produtores do Sul, nos estados de Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste a captação de leite se manteve praticamente estável em agosto, impactada pela estiagem.

Correspondendo a 25% dos gastos das famílias, custo com alimentação pesa.

Além de leite e derivados, itens como pães, aves e carnes bovina puxaram a inflação em setembro

O alívio no preço de hortaliças e legumes na última semana, além do
tomate e da cebola conhecidos vilões das donas de casa não foram suficientes para reduzir a alta carga dos alimentos no orçamento das famílias brasileiras. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV ), o grupo alimentos que correspondem a 25% dos gastos,segundo economistas registrou inflação de 0,14% na última semana de setembro, acumulando alta no ano da ordem de 6,10%.

Além dos laticínios, que tiveram valorização positiva de 0,72% na quarta semana de setembro e aumento acumulado no ano de 17,66%, pacificados e biscoitos se destacaram na lista dos produtos que mais subiram, especialmente por terem peso de 1,72% no orçamento do brasileiro. Pressionados pela alta do câmbio e os impactos diretos no preço do trigo, o item registrou aumento semanal de 1,49%. Logo em seguida, aparecem aves e ovos, com 1,44%; frango inteiro, 2,03%; frango em pedaços, 1,22%; e carne bovina, com 1%.

No lado oposto, hortaliças e legumes confirmaram mais uma queda, com preços 12,54% menores. Além do tomate, que registrou variação negativa de 24,16%.

“A queda no valor desses itens serve de âncora para segurar a inflação dos alimentos. Mas, a partir de outubro, por causa do período de chuvas e sol intenso, a tendência é de mudança. Os preços devem seguir para a estabilidade e uma alta pode aparecer já no fim do mês”, avalia André Braz, economista do Ibre/FGV.

O especialista destaca que, apesar da estabilização do câmbio, os próximos meses podem ser também de aumento nos preços da carne bovina e frango. “Fora a desvalorização do real frente ao dólar, o pessimismo quanto à safra norte-americana mexem com o mercado de grãos. Ao encarecer a ração, os preços das carnes acabam sendo pressionados”, completa Braz.

Na contramão da tendência de encarecimento dos alimentos, a última pesquisa do Dieese mostrou que, na cidade do Rio de Janeiro, a cesta básica caiu pelo segundo mês consecutivo.O custo médio verificado no mês de agosto foi de R$ 298,42, valor 0,76% inferior aos R$ 300,71 verificados em julho. Ao longo do ano de 2013, todavia, a variação acumulada alcançou 5,89%.



Veículo: Brasil Econômico


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