Menor oferta por conta do clima e aumento de custos fizeram bebida ter escalada de valores
O consumidor ribeirão-pretano já paga 31% a mais pelo litro do leite, desde o início do ano. A alta acumulada é cinco vezes maior do que o teto da meta da inflação nacional, de 6,5%.
E o preço não deve ceder tão cedo segundo especialistas, porque os custos de produção continuam subindo e a oferta do produto no campo ainda deve demorar para crescer.
“Na média pago R$ 2,80 pelo litro, mas não posso vender acima de R$ 3”, diz o comerciante Gildemar Neves dos Santos, dono de mercearia no bairro Iguatemi.
De acordo com os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, no mês passado o preço do litro do leite pago aos produtores do País bateu recorde.
“Contrariando as expectativas, o preço do leite pago ao produtor continuou subindo em setembro e alcançou o maior patamar real da série, iniciada em 2000. Essa foi a oitava alta consecutiva”, informa o boletim do Cepea.
Segundo o Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA), a baixa qualidade das pastagens com o inverno mais forte contribuiu para menor oferta do leite e as altas no mercado internacional alavancaram as cotações.
A valorização de commodities como soja, usada em rações para o gado, também contribuíram para a elevação nos custos da produção.
Valor vai ceder, mas não de imediato
O leite ainda deve pesar nas compras por alguns meses, segundo o economista Edgard Monforte Merlo, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão (FEA-RP/USP) e especialista em varejo.
“Com o tempo, os preços devem ceder, mas não será nada imediato nem em curto prazo”, diz.
Ainda segundo o economista, por muito tempo, a bacia leiteira sofreu com preços em baixa, o que também fez o preço cair para o consumidor. “Agora há uma retomada”, diz.
Para Merlo, como o leite é um produto essencial e que não pode ser substituído com facilidade, algumas medidas precisariam ser tomadas pelo governo para conter a alta.
“Como importar maior quantidade do produto, mas é preciso analisar.”
Veículo: Jornal da Cidade