A francesa Maped, fabricante de produtos de papelaria, estuda construir uma fábrica no Brasil. A empresa avalia pedir um financiamento ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e está negociando benefícios fiscais com dois Estados. Os detalhes do projeto estão em análise e o plano de fabricação ainda deve demorar ao menos um ano para ficar pronto.
"Com R$ 20 milhões é possível começar uma fábrica", afirma João Luiz Souza, que comanda a Maped no Brasil. Ele diz que não estão definidos quais produtos seriam feitos aqui, mas indica que a linha de lápis de cor é a principal candidata: "Nossa meta é ser vice-líder em três anos, atrás da Faber Castell ".
A Maped importa os produtos que vende no Brasil, mas o aumento dos custos na China obrigou a diretoria a buscar alternativas. Os gastos com mão de obra e produção no país asiático subiram significativamente nos últimos anos, corroendo a rentabilidade obtida com a exportação para o mercado brasileiro. E eliminar os riscos de variação cambial e as barreiras comerciais aos itens importados compensa parte do investimento necessário para fabricar aqui.
Depois de lápis de cor, outro segmento importante para a empresa é o de canetas, em que concorre com a também francesa Bic. A Maped tem ainda uma linha de itens de escritório e uma "ecológica", com plástico reciclado. O setor de papelaria movimenta cerca de R$ 7 bilhões, informa a fabricante, com base em dados do Ibope.
Outras linhas em foco no Brasil são giz de cera, "plásticos" (apontador, régua) e "metalurgia" (tesoura, grampeador). O portfólio no país tem 600 itens e o global, 2 mil. A Maped também concorre com as multinacionais Henkel, 3M e Pilot, além da brasileira Acrilex.
No mundo, a Maped faturou € 270 milhões em 2012. No Brasil, a expectativa é chegar a R$ 50 milhões em 2013, 30% a mais do que no ano passado. A projeção é crescer 20% ao ano até 2016.
A ideia de fabricar no Brasil surgiu no ano passado. Inicialmente, isso seria feito por meio de aquisições. A Maped chegou a fazer auditoria financeira ("due diligence") em três fabricantes nacionais e desistiu, pois as empresas tinham passivos trabalhistas ou judiciais, diz Souza. "A gente pensou em aquisição e desistiu. A informalidade gera passivo de risco para o investidor estrangeiro", afirma.
O plano que se desenha na mesa dos executivos da Maped prevê produzir no Brasil parte do portfólio e manter a importação de outros. A fábrica vai sair "do zero", e pode ser construída em um dos dois Estados com os quais a empresa conversa, diz Souza, sem especificar quais são os lugares.
Souza diz que as vendas da Maped se concentram em Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e São Paulo. "Em algumas praças chegamos a ter 30% de participação."
A fábrica no Brasil deve ser a sétima da companhia, que produz em outros seis países - Argentina, México, Alemanha, Inglaterra, China e França - e vende em 125 mercados. Por ano, o grupo investe € 7 milhões em inovação e lança entre 30 e 50 produtos.
Souza trabalha na Maped desde 2007, quando a empresa montou um escritório em São Paulo para coordenar a importação e a distribuição de seus produtos, antes vendidos por distribuidores. A empresa foi fundada em 1947, em Annecy, região dos Alpes franceses, e tem 2,1 mil funcionários no total.
Veículo: Valor Econômico