É perfeitamente possível alimentar um mundo com mais de 9 bilhões de pessoas em 2050 como desafia a FAO. Essa é a conclusão dos debates ocorridos no último dia 10, durante o V Fórum Inovação - Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, em São Paulo (SP), iniciativa da FAO , Andef, Abag e Embrapa. Do evento saiu outra constatação: é preciso unir esforços entre a cadeia produtiva e os demais segmentos da sociedade para atingir os objetivos.
"A questão hoje é inovação, desenvolvimento de tecnologias e conscientização nutricional da população", cravou o chefe do escritório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, enfatizando que hoje no mundo uma em cada oito pessoas passa fome. "A meta para 2050 não é zerar o número de pessoas em estado de insegurança alimentar, mas reduzir os índices atuais drasticamente", complementou.
Atualmente, aproximadamente 1 bilhão de pessoas ainda se encontram em estado de miséria no planeta. Com o desafio estipulado pela FAO, este número deve cair para pouco mais de 300 milhões de pessoas. Um dos grandes responsáveis pelo acréscimo na produção de alimentos, ainda segundo o órgão da ONU, é o Brasil, considerado o grande player da produção global de alimentos. Para isso, deve ampliar a produção em 40%, sem a necessidade de desmatar novas áreas. "O mundo precisa aumentar a produção atual de grãos em 900 milhões de toneladas/ano e de carnes em 270 milhões/t por ano. O Brasil é o líder desse movimento", disse Bojanic.
"O desafio está lançado e o relógio está correndo. preciso fazer um investimento maciço em tecnologias para o campo e em infraestrutura. Mas há condições, conhecimento e compromisso para isso", disse João Lammel, presidente da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).
"O desafio de alimentar o mundo é difícil, mas o agronegócio está cada vez mais profissionalizado. O segredo é a produtividade, ou seja, produzir mais em menos espaço", ressaltou Luiz Carlos Correa de Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
Entre os principais gargalos enfrentados pela produção brasileira de alimentos e bioenergia, os problemas de logística e armazenagem também tiveram lugar nas discussões do V Fórum Inovação. Presente ao evento, a secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, admitiu a necessidade latente de investimento em infraestrutura para suprir os bons resultados obtidos pelo Brasil no campo. Porém, ela garante que os trabalhos para melhoria neste setor já estão em andamento, pelo menos no Estado mais rico do país.
O diretor-presidente da Embrapa, Maurício Lopes, defendeu a importância da produção de alimentos como fator preponderante não apenas para o ganho nutricional da população, mas também como geradora de saúde e educação social. "Com pesquisas voltadas ao combate da fome, a produção no campo gerará alimentos cada vez mais nutritivos e saudáveis, impregnando cada vez mais em nossa sociedade a consciência de que o consumo de bons alimentos resulta em uma população mais feliz e saudável. a troca do tratamento pela prevenção", disse.
Ainda participaram com contribuições e sugestões para o Desafio 2050 a TNC (The Nature Conservancy), representada por Suelma Rosa, chefe regional no Brasil; Google, representado por Francisco Gioielli, gerente de vendas; e Instituto Todos pela Educação, que contou com a presença de Alejandra Velasco.
Veículo: Diário do Comércio - MG