O Palácio das Convenções do Anhembi foi palco, na manhã de ontem, de uma grande manifestação organizada por representantes da indústria têxtil, contra exportadores chineses que inundam o mercado nacional com seus produtos, fechando postos no País.
A realização da Go Tex Show, feira internacional de produtos têxteis com mais de 300 expositores asiáticos, foi o estopim do movimento e gerou um mal-estar entre os líderes paulistas e empresários chineses que vieram até o País para participar do evento, que acontece até amanhã, na cidade de São Paulo.
Para promover a feira, os organizadores utilizam o slogan "descubra o caminho das importações dos grandes varejistas", interpretado por alguns empresários brasileiros como uma espécie de provocação, visto que, a indústria nacional perde cada vez mais espaço no varejo devido ao avanço dos produtos de origem chinesa.
"Se a situação continuar do jeito que está, chegaremos em 2025 atendendo menos da metade do consumo nacional. Nos últimos três anos, a produção brasileira caiu 12%, enquanto a importação cresceu 80%. Nesse mesmo período, o varejo de vestuário cresceu cerca de 15%", afirmou o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel , ao DCI, reforçando que a expansão do comércio nacional ocorre devido ao uso de produtos importados.
Segundo ele, as empresas nacionais investiram nos últimos três anos, aproximadamente, R$ 2,5 bilhões ao ano, para modernizar os parques fabris, oferecendo produtos de design e qualidade aos varejistas.
As mudanças, entretanto, não surtiram os efeitos desejados e a situação se agravou ainda mais, após dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontarem que de janeiro a setembro deste ano, o setor têxtil e de vestuário demitiu cerca de 55 mil funcionários.
Para evitar a desindustrialização do segmento, os representantes paulistas defendem uma reforma tributária e a aprovação do projeto de salvaguarda, por parte do governo federal. De acordo com eles, essas mudanças ajudariam a equilibrar as forças e a competitividade entre o mercado têxtil e de confecção nacional e os demais players mundiais, principalmente, aqueles países de origem asiática, como a China.
Veículo: DCI