Com recuperação dos preços do produtor até o varejo e demanda aquecida, as mineiras Itambé e Embaré decidem reforçar planos de investimentos para expandir a produção
O surpreendente aumento do consumo de produtos lácteos neste ano e a recuperação de preços do leite desde a fazenda aos aticínios abrem caminho para os planos de investimentos de duas das grandes empresas do setor, Itambé e Embaré. Depois de concluir um ciclo de aportes em melhorias no processo de produção, para ganhar eficiência, o Conselho de Administração da Itambé aprovou o projeto de uma nova linha de produção de leite condensado cartonado na fábrica de Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais, que deverá entrar em operação no segundo semestre de 2014. Sexta maior empresa de lácteos do país, a Embaré definirá no começo do ano que vem as dimensões e o local de sua segunda fábrica, para reforçar a produção a partir de 2015.
“Este ano tem sido firme para nós. Conseguimos crescer e estamos refinando o plano de investimentos para 2014”, afirma o presidente da Itambé, Alexandre Almeida. Parte dos bons resultados colhidos, de acordo com o executivo, refletem melhorias pontuais promovidas em 2013 nos processos produtivos e na logística de distribuição. Na fábrica da Embaré em Lagoa da Prata, no Centro-Oeste de Minas, o ritmo da produção se aproxima da plena capacidade e novos contratos de exportação preveem volumes maiores de embarque em 2014, informa o presidente da empresa, Hamilton Antunes.
Não há mais espaço físico para expansão dentro do parque industrial da tradicional fabricante de caramelos, leite UHT (longa vida), leite em pó, condensado e creme de leite. “Precisamos de uma nova fábrica para que a Embaré continue no ranking das principais empresas de lácteos do país”, destaca Antunes, que contabiliza um crescimento de 40% da receita em 2013, frente ao ano passado, percentual que superou, segundo o executivo, a meta traçada em janeiro, considerada então arrojada. O faturamento bruto deverá ultrapassar a casa de R$ 1 bilhão no balanço de dezembro, ante os R$ 750 milhões apurados em 2012.
Cenário bom A reação dos preços do leite e o ritmo do consumo surpreenderam produtores e laticínios, a despeito de um cenário de crescimento bem modesto da economia brasileira, observa Celso Moreira, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg). “Trata-se de um ambiente que estimula investimentos tanto nas fazendas produtoras de leite quanto nas indústrias”, disse. Outro fator que contribuiu foi a queda da produção no mercado internacional, o que desestimulou as importações do Brasil, fortalecendo a produção nacional.
Com a queda da oferta no exterior, a tonelada do leite em pó se valorizou, cotada a US$ 5 mil, na média, em lugar dos US$ 3 mil até o ano passado . No mercado interno, o da cadeia da produção, das fazendas aos laticínios, os preços subiram cerca de 20%, nas estimativas do Silemg. O produtor passou a ser remunerado em R$ 1,08 por litro de leite, em média, ante R$ 0,95 por litro, também na média em 2012. Referência dos gastos do consumidor, o custo do leite UHT no varejo alcançou R$ 2,50 por litro, em termos médios, uma evolução de quase 9% na comparação com os R$ 2,30 pagos há um ano.
A Embaré ampliou a oferta do leite UHT Camponesa, pondo em marcha uma segunda linha de produção, projeto contemplado num programa de investimentos de R$ 32 milhões que está em fase de conclusão. O produto serviu como âncora nas gôndolas dos supermercados para o leite condensado, em pó e o creme de leite.
Veículo: Estado de Minas