Lenovo vai disputar setor de LED no Brasil

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Depois de conquistar a liderança do mercado global de computadores e estender sua atuação para os mercados de tablets e smartphones, a chinesa Lenovo está em busca de uma nova área de atuação: a de iluminação. Mais especificamente as lâmpadas com tecnologia LED (sigla de diodo emissor de luz, em inglês), considerada a próxima geração do produto. E o Brasil é um dos focos da estratégia.

Há dois meses a companhia começou a vender as lâmpadas no país. Os produtos são feitos no Brasil, na cidade de Manaus. Provisoriamente as vendas estão sendo feitas sob a marca FreeLED. Um novo definitivo ainda será escolhido.

A entrada nesse mercado era um plano da brasileira CCE que vinha sendo desenvolvido dois anos e meio antes de sua aquisição pela Lenovo, em setembro do ano passado. A iniciativa foi mantida por conta do potencial do mercado. A estimativa é que nos próximos oito anos, 60% das lâmpadas vendidas no mundo sejam LED. Hoje elas são 12%. Os argumentos dos fabricantes para a transição são a economia de consumo de energia elétrica, que pode chegar a 75% e também do número de lâmpadas usadas - já que as lâmpadas LED iluminam mais que as fluorescentes.

O investimento no Brasil é o segundo da Lenovo na área. Na Europa, a fabricante vende lâmpadas LED por meio da Medion, companhia alemã comprada em 2011. Os produtos, no entanto, não são feitos pela empresa. Eles são importados de fornecedores asiáticos e vendidos sob a marca da Medion.

À primeira vista pode parecer estranho para uma companhia como a Lenovo entrar nesse mercado, onde a disputa se dá com empresas tradicionais do setor como a holandesa Philips e a alemã Osram. Mas investir nesses produtos é um passo simples, disse Vanderlei Ferreira, gerente geral de lâmpadas LED da Lenovo.

De acordo com ele, a estrutura de máquinas pessoal e até alguns componentes usados para fabricar as lâmpadas - como placas de circuito impresso, microprocessadores e transistores - são os mesmos usados em outros eletrônicos com os quais ela já está acostumada. "Lâmpada hoje em dia é muita tecnologia. Ela deixou de ser produto de uma reação química e virou puramente eletrônica. Para quem fabrica computador e TV, fazer lâmpadas LED é muito simples", disse o executivo ao Valor.

O executivo, que veio da CCE, esteve à frente dos estudos sobre esse mercado nos últimos anos. De acordo com ele, a tecnologia das lâmpadas LED foi desenvolvida internamente pela equipe de engenharia da CCE. Ele não revela quanto foi investido nesse processo, nem na adaptação da fábrica em Manaus. "Não foi investimento muito pesado, mais um aproveitamento do que já temos", disse. Além de vender produtos desenvolvidos no Brasil, Ferreira não descarta importar modelos de lâmpadas de outros fabricantes - como faz a Medion - para atender demandas específicas do mercado com mais agilidade.

O alvo inicial da Lenovo são as empresas e os projetos de iluminação pública. Para este mercado, foram desenvolvidas cinco famílias de produtos, que segundo Ferreira, atendem 80% das necessidades. De acordo com o executivo, a previsão é iniciar as vendas no varejo até o fim do ano, com sete tipo de produtos. O plano é estar entre os cinco maiores vendedores de lâmpadas LED no Brasil em um período de três anos. "Lâmpada, por incrível que pareça é um componente de negócio fundamental para determinados segmentos. Pense no centro de distribuição de um varejista, ou em um hospital. Eles rodam 24 horas por dia. Mesmo nas residências elas são importantes", disse Ferreira.

A venda de lâmpadas no Brasil é estimada em 800 milhões de unidades por ano. O mercado cresce cerca de 3% ao ano. As fluorescentes representam 70% do total e as incandescentes outros 20%. O restante é composto por outras tecnologias, como o vapor de sódio e o LED (que é 1% do mercado).

Um dos problemas que ainda limitam o avanço do LED é o preço. Um modelo com essa tecnologia pode custar 15 vezes mais que uma lâmpada fluorescente. Segundo Ferreira, esse obstáculo vem sendo superado. Só no último ano, os preços caíram 30%. No acumulado dos últimos dois anos a queda chega a 50%. Segundo ele, a tendência é que a redução seja mais lento nos próximos anos, mas o patamar atual já seria aceitável frente aos benefícios da tecnologia. "Uma lâmpada LED de qualidade pode durar de 20 a 50 vezes mais que uma incandescente", disse.

Globalmente, a Lenovo tem uma estratégia batizada de "protect and attack". A ideia é proteger a operação principal, de venda de computadores e investir para entrar em novos mercados.



Veículo: Valor Econômico




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