Rio Grande do Sul é visto por fabricantes de máquinas e artigos voltados ao setor como um mercado em potencial
Apesar do cenário de instabilidade vivido em 2013, marcado pela alta brusca no preço do trigo, o setor de panificação gaúcho deve se manter aquecido. O Rio Grande do Sul é visto como um grande mercado pelos fabricantes de máquinas e produtos voltados ao segmento. Esse é um dos motivos para que o Estado tenha sido escolhido para sediar a primeira edição da Feira Internacional de Panificação, Confeitaria e do Varejo Independente de Alimentos (Fipan Sul). O evento começou ontem no centro de eventos da Fiergs e vai até 1 de novembro.
“O mercado gaúcho tem um grande número de padarias e está sempre se remodelando”, aponta Antero José Pereira, presidente do Sindicato e Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sampapão), entidade que está organizando a Fipan Sul. O dirigente não arrisca uma projeção sobre o volume de negócios que os mais de 80 expositores devem realizar, em função do caráter inicial da feira. Para ele, o evento servirá para que muitas empresas façam os primeiros contatos para conseguir clientes na região.
A RA Embalagens, de São José do Rio Preto (SP), é uma das companhias que planeja, a partir da feira, entrar no Rio Grande do Sul. “Estamos montando uma estrutura para operar no Estado. É um mercado ainda cru para o tipo de produtos que oferecemos e é muito promissor”, elenca o diretor Rodolfo Crippa. A companhia fabrica embalagens de papel customizadas. Assim, no pacote do pão, é possível estampar o logotipo da empresa e até propagandas.
Fabricante de máquinas em inox para panificação, a também paulista Supremax, de Sumaré, quer ampliar o rol de compradores oriundos do Estado. No entanto, o gerente de vendas Paulo Ferreira ressalta que é preciso atender às peculiaridades do mercado local, como o padrão de qualidade dos produtos. “O Rio Grande do Sul é praticamente outro país para nós. A exigência é muito maior. Tiramos daqui as referências de qualidade para levarmos ao resto do Brasil”, diz Ferreira. Segundo o dirigente, a empresa tem a expectativa de faturar entre R$ 250 mil e R$ 300 mil com negociações feitas a partir do evento.
Com 6 mil padarias, o setor no Rio Grande do Sul deve movimentar R$ 6 bilhões em 2013 (no Brasil o faturamento pode chegar a R$ 70 bilhões). O resultado representa um incremento importante frente aos R$ 5,5 bilhões captados em 2012. Em meio à valorização do trigo, acelerada com a quebra da safra argentina (principal fonte brasileira de abastecimento) e o incremento do dólar (que eleva o custo em real da commodity), o resultado é comemorado pelo presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação, Confeitaria, de Massas Alimentícias e Biscoitos (Sindipan-RS), Arildo Oliveira.
“Esse ano foi muito difícil. A Argentina anunciou que iria diminuir a exportação de trigo em junho e aí começou uma correria. O saco de farinha custava entre R$ 45,00 e R$ 50,00, agora está entre R$ 90,00 e R$ 100,00. Mas esses preços já chegaram ao ápice”, explica Oliveira. O presidente do Sindipan-RS acredita em uma redução nos preços dos insumos para o próximo ano. Isso porque o País deve se abastecer com 4 mil toneladas de trigo norte-americano, diminuindo a dependência da produção dos vizinhos castelhanos.
Veículo: Jornal do Comércio - RS