Grão pode ser alimento humano

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Acaba hoje, em Sete Lagoas-MG o 1º simpósio "Sorgo na alimentação humana no Brasil: perspectivas". Na abertura, na terça-feira, Antônio Álvaro Corsetti Purcino, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, que sedia o evento, disse estar satisfeito pelo fato de a Empresa iniciar a discussão sobre a cultura do sorgo nessa área. Hoje, além da produção em si, os agricultores estão incorporando outras preocupações: a nutrição e a saúde, questões para as quais a sociedade está cada vez mais atenta.

Antônio Álvaro lembrou que há segmentos específicos da população dispostos até a pagar mais por produtos diferenciados e que atendam a demandas específicas, como a dos diabéticos e a dos celíacos (pessoas que não podem ingerir alimentos que contenham glúten, proteína presente, por exemplo, no trigo, na aveia e no centeio). O chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo citou também a importância de empresários dispostos a investir na cultura do sorgo na composição de alimentos humanos.

A palestra oficial de abertura do simpósio foi do pesquisador Frederico Barros, da Texas A&M University, dos Estados Unidos, que traçou um panorama atual do uso do sorgo na alimentação humana. De início, ele fez uma comparação entre o sorgo e o açaí. Dizendo que, assim como o segundo é considerado uma "superfruta", o sorgo pode ser visto como um "supercereal".

Entre os números apresentados por Frederico, atualmente, no mundo, há mais pessoas com problemas de obesidade (1,5 bilhão) do que passando fome (842 milhões), inclusive em países em desenvolvimento, o que inverte uma lógica histórica de preocupação. De 1980 pra cá, a quantidade de obesos no mundo dobrou. Nos Estados Unidos, mais de um terço da população adulta apresenta problemas de obesidade. Hoje, a preocupação já não é mais com a produção de alimentos em si, mas com a qualidade desse alimento. E qual é a melhor estratégia? Na visão do pesquisador, é a prevenção, aliando atividade física e dieta correta. "A ingestão de alimentos contendo cereais integrais é altamente recomendável para prevenir muitos tipos de doenças crônicas e ter uma vida saudável", explica.

Frederico apontou características do sorgo, como a maior resistência à seca do que o milho e o trigo, os menores custos de produção, o reduzido número de micotoxinas e a diversidade de cores. Em termos de nutrientes, ele é muito semelhante aos demais cereais, não perdendo em nada para trigo e milho. Os carboidratos somam 75% da composição do sorgo e as proteínas 11%. "Há até 11% de fibra alimentar, o que é um ponto muito importante", explica Frederico.

O pesquisador conta que "nos últimos cinco anos, houve um crescimento exponencial do sorgo na alimentação humana nos Estados Unidos", contra um crescimento mais lento verificado antes. Além disso, o sorgo tem sido usado na alimentação animal e na produção de álcool em usinas naquele país. Já países africanos e asiáticos têm mais tradição no uso do sorgo como alimento para humanos. Entre os motivos pelos quais o sorgo pode beneficiar a saúde humana, Frederico citou o fato de ele ser fonte de fibra alimentar, assim como outros cereais, que há cultivares com níveis elevados de antioxidantes e que existem estudos epidemiológicos mostrando que a ingestão de sorgo diminui a incidência de determinados tipos de câncer.

Como fatores importantes para que o sorgo seja de fato integrado à alimentação humana, o pesquisador citou a cadeia de suprimentos confiável, o preço competitivo, o interesse do mercado por alimentos que sejam mais saudáveis (a exemplo dos celíacos enquanto segmento potencial de compra), a colaboração nas pesquisas envolvendo diferentes instituições e países e a necessidade de testes em seres humanos para que se demonstrem mais os benefícios do sorgo como alimento: "é o que está faltando, a gente precisa disso", disse Frederico.


Serviço -
Realizado pela Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o evento tem a parceria de outras Unidades da Empresa (Agroindústria de Alimentos, que fica no Rio de Janeiro-RJ, Clima Temperado, que fica em Pelotas-RS, e Agroindústria Tropical, que fica em Fortaleza-CE), de cinco universidades (Federal de Viçosa, Federal de Minas Gerais, Federal de São João del-Rei, de Brasília e Estadual de Campinas), além do apoio da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais), da Dow AgroScience e da Atlântica Sementes.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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