Acúmulo de estoques derruba a confiança do atacadista, diz FGV

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O acúmulo de estoques no setor atacadista do comércio fez com que as perspectivas dos empresários sobre a situação atual piorasse em outubro, afirmou ontem o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. Essa foi a principal influência para que o Índice de Confiança do Comércio (Icom), apurado na Sondagem do Comércio, aprofundasse a queda no indicador, que é calculado de forma trimestral.

Nos três meses até outubro, o Icom caiu 3,9% ante igual período de 2012. No trimestre até setembro, a queda havia sido de 3,6%, na mesma comparação. A série, iniciada em março de 2010, ainda não conta com dados ajustados sazonalmente. O Icom tem se mantido abaixo dos níveis de 2012 sistematicamente ao longo deste ano, refletindo uma piora na percepção do setor. Apesar disso, Campelo destacou que as expectativas continuam em trajetória de recuperação, mesmo no caso do atacado. "Parece ser um movimento ligado à situação atual, com formação de estoques, não tanto às expectativas. Além disso, outubro do ano passado teve um bom desempenho, gerando uma base mais alta", explicou.

Campelo não descarta um efeito defasado de setores que antes eram alvo de medidas de estímulos e acabaram sofrendo com o encalhe dos produtos, ou até mesmo uma influência do próprio acúmulo de estoques na indústria, que traria uma percepção negativa para o atacado.

O varejo restrito, contudo, tem apresentado melhora, puxada principalmente pelas expectativas mais otimistas. Segundo Campelo, em outubro, 72,3% das empresas esperavam aumento de vendas nos próximos três meses (o que inclui o período do Natal), enquanto apenas 3,4% responderam que aguardavam redução no volume de negócios. O quadro é mais favorável do que no ano passado, destacou o economista. "Alguma desaceleração entre setembro e outubro é percebida, mas na visão do próprio setor não é algo que vai continuar, pois as expectativas são favoráveis", ressaltou.

A melhora nas expectativas é mais sensível nos bens de consumo duráveis, com alta de 1,4% no trimestre encerrado em outubro contra igual período do ano passado, revertendo os -1,4% nos três meses até setembro.

Às vésperas da recomposição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis, o setor de veículos, motos e peças também tem mostrado mais confiança para os próximos meses. Segundo Campelo, o setor pode estar contabilizando uma corrida às concessionárias por parte de consumidores que desejam aproveitar os últimos dias do benefício - o que impulsionaria as vendas, a despeito de condições de crédito menos favoráveis e juros mais altos.

Consumidor

O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) cresceu 0,5% em outubro na comparação com setembro e atingiu 107,7 pontos, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Apesar do aumento, o indicador permanece abaixo da média de 113,7 pontos registrada nos primeiros cinco meses de 2013.

O levantamento aponta que, entre setembro e outubro deste ano, a maioria dos componentes do Inec mostrou crescimento. Os brasileiros estão mais otimistas em relação à evolução dos preços.



Veículo: DCI


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