A América Latina Logística ampliou em 10,8% o volume consolidado transportado em 2008, abaixo do crescimento de 12% a 14% que a empresa tinha projetado para o ano. Segundo o analista da Ativa Corretora Antônio Bezerra, o resultado da ALL não alcançou o projetado devido, principalmente, ao terceiro trimestre, que foi mais fraco para a empresa.
"Os agricultores decidiram estocar a produção na expectativa de melhores preços, pois nem as taxas de câmbio compensavam integralmente as exportações. Isso se refletiu no movimento transportado pela empresa", afirmou Bezerra.
Em 2008, a companhia transportou 38,2 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU), ante 34,4 bilhões de TKU em 2007. No quarto trimestre, a ALL movimentou 10,1 bilhões de TKU, volume 16,3% superior aos 8,68 bilhões de TKU registrados em igual período do ano anterior. A empresa informou que esses resultados, divulgados ontem, não foram auditados e estão sujeitos à revisão. A ALL não divulgou outros resultados, como a receita e o lucro líquido, para 2008.
No Brasil, informou a empresa, o volume anual aumentou 11,7% - bem próximo à meta de 12% a 14%. Já na Argentina, cresceu apenas 4,6%, em conseqüência dos 90 dias de interrupções no primeiro semestre de 2008, quando os agricultores daquele país protestaram contra aumentos nos impostos de exportação bloqueando estradas.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 17,7% no quarto trimestre de 2008, passando de R$ 188,8 milhões, apurados em igual período de 2007 para R$ 222,3 milhões. No acumulado de 2008, o Ebitda foi de R$ 1.080,7 milhões alta de 23,9% sobre R$ 872,4 milhões de 2007. Segundo a empresa, o aumento foi impulsionado principalmente pelo crescimento no volume, receitas take-or-pay de volumes não atingidos; e o bom desempenho da ALL Argentina.
Ebitda favorável. Para Bezerra, o Ebitda da ALL foi favorável principalmente devido ao tipo de contrato que a empresa faz, no qual o comprador paga pelo serviço mesmo que nada tenha sido transportado. Bezerra explicou que está é a segunda vez que a empresa divulga prévia dos resultados. "É forma de avisar ao mercado os resultados, pois eles não ficaram dentro no esperado. Sem outros resultados, como a margem Ebitda, por exemplo, fica difícil calcularmos de quanto será a receita líquida da empresa em 2008"
A ALL reiterou a meta de crescimento de volume entre 10% e 12% para este ano, impulsionado sobretudo por ganhos de produtividade e aumento de participação de mercado.
Segundo a empresa, os estoques encerraram o ano acima do esperado, tendo aumentado 109% em relação a 2007 (milho 260% e complexo soja 29%), o que indica forte exportação agrícola para janeiro e fevereiro de 2009, uma vez que a capacidade de armazenagem deve ser liberada para o recebimento da nova safra. Para 2009, a companhia investiu R$ 600 milhões em 35 locomotivas, 600 vagões na sua frota ferroviária e em melhorias na via permanente estão conforme cronograma.
"Até agora, já negociamos com os clientes mais de 60% do volume esperado no ano sob contratos take-or-pay. O forte crescimento no nível dos estoques de milho e de soja no encerramento do ano comparado a 2007 deve gerar cenário favorável para o primeiro trimestre, o que mais que compensa as recentes estimativas de redução de safra, indicando aumento nas exportações agrícolas neste ano", informou a ALL.
Os analistas Antônio Bezerra e Luiz Otavio Broad, da Ágora Corretora, dizem que alta de 10% a 12% é bastante otimista.
"A ALL conta com o crescimento do número de clientes, já que em momento de crise o transporte ferroviário pode ser opção, pois tem custo menor. Mesmo assim é otimista a projeção de 10% a 12%. O negócio da empresa é a exportação e já foi divulgado que a safra deste ano deverá ser 5,9% menor do que a de 2008", disse Bezerra.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ