A Brapenta Eletrônica é movimentada pela crença de que é preciso inovar sempre, sem parar. Adquirir novos conhecimentos e agregá-los às máquinas que produz, no entendimento dos dirigentes da empresa, é a única forma de evoluir e se manter em um mercado competitivo. O impulso inovador é uma constante na trajetória desta companhia que nasceu em 1979 e desenvolve equipamentos originais para o setor de alimentos.
Hoje, a pequena indústria paulistana se destaca, no Brasil e no exterior, por ser responsável pela produção de uma máquina, chamada Icelander, que detecta todos os tipos metais, ou contaminantes metálicos, em matérias-primas alimentícias e em alimentos industriais já embalados. Produz ainda um equipamento que controla o peso dos alimentos dentro das embalagens, cujo nome é DW-DST. Ambos podem atuar isoladamente nas fases finais das linhas de produção. Com o desenvolvimento das pesquisas internas e das atividades produtivas, a Brapenta conseguiu uma outra inovação: unificou os dois sistemas - detector de metais e controlador de peso - em uma única máquina, chamada Combo.
O sinal claro e concreto de que a empresa não pára jamais de inovar em tecnologia se traduz, por exemplo, em um novo equipamento, em fase final de testes e que deve entrar em operação, no próximo mês, em uma empresa do ramo alimentício que trabalha com base em amendoim. Com o nome de Spectra, utiliza raios X para detectar nos alimentos embalados não apenas materiais metálicos, mas também vidros, pedras, plásticos e até ossinhos, neste caso, por exemplo, em um hambúrguer industrializado.
"As máquinas identificam materiais contaminantes de até um milímetro de diâmetro, e fazem a rejeição automática do produto impróprio para consumo. Além disso, detectam variações de um grama do peso estipulado na embalagem do produto, a uma velocidade de dois metros por segundo", diz Martin Izarra, diretor-presidente da Brapenta.
Para inovar, a Brapenta estuda a tecnologia dos produtos no mercado e, a partir do domínio desse conhecimento, em laboratório próprio de pesquisa, cria novas tecnologias, adaptadas às necessidades dos clientes, com o auxílio e apoio dos institutos de pesquisa e de universidades brasileiras.
"Em 2003, com o apoio dos pesquisadores da Escola Politécnica da USP, tivemos a certeza de que o projeto do Spectra era viável. Em seguida, começamos a desenvolvê-lo aqui na Brapenta, com uma nova tecnologia: a do raio X, até então desconhecida para nós, em vez da baseada no campo eletromagnético, que já dominávamos bem", conta o diretor-presidente da empresa.
Segundo ele, o Spectra terá no preço uma outra vantagem competitiva. "Agregamos produtos ao equipamento para torná-lo não só eficiente, mas mais barato. Custará entre R$ 80 mil e R$ 100 mil com impostos. Já os similares importados custam entre R$ 150 mil e R$ 200 mil ou mais com impostos."
Com 50 funcionários e líder de mercado no país, a Brapenta produz atualmente, em média, 30 máquinas por mês. Exporta parte da produção para 32 países, onde são utilizadas em unidades de multinacionais que também atuam no Brasil. Com presença mais intensa no setor de alimentos, a empresa também destina produtos para detectar metais em portas de bancos ou prisões. "Agora que concretizamos o Spectra, já começamos as pesquisas para acoplar a ele o equipamento que faz o controle dinâmico dos pesos dos produtos embalados", diz Izarra. E acrescenta: "Sem inovação, não somos nada."
Veículo: Valor Econômico