A combinação de oferta restrita e a demanda interna e externa aquecidas trouxe outra forte alta para o preço do açúcar. Ontem, a saca de 50 quilos do produto em São Paulo foi negociada a R$ 40,50, alta de 5,8% em sete dias. Desde o início de janeiro, a valorização acumulada é de 22%, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Com a nova alta, a venda de açúcar passou a ser 30% mais lucrativa do que a de álcool anidro e 34% mais que a do hidratado. Uma semana atrás, esses percentuais eram de 22% e 29%, respectivamente.
Carlos Costa, analista de gerenciamento de risco da FCStone, explica que a procura pelo produto físico está muito aquecida, tanto no mercado interno quanto no externo. "Com os fretes mais baixos, o açúcar brasileiro voltou a ser mais demandado", explica o especialista. Ele cita que até os prêmios (ágios) para o açúcar Tailândes, outro fornecedor do produto na Ásia, recuaram de 200 pontos para 50 pontos sobre as cotações na Bolsa de Nova York. "Isso significa que o importador está pagando menos para comprar o produto tailandês. Por outro lado, está valorizando mais o açúcar brasileiro, cujos descontos saíram de 150 pontos para 40 pontos", acrescenta Costa.
Os embarques em janeiro estão duas vezes maiores do que os registrados em janeiro de 2008. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) os embarques em janeiro resultaram em receita semanal de US$28,8 milhões em média, 102% maior do que a média semanal de US$ 14,2 milhões de igual período do ano passado.
E os embarques continuam aquecidos para o final de janeiro e início de fevereiro. De acordo com a Williams Agência Marítima, há entre 10 e 15 navios nomeados para embarcar açúcar nesta semana e na próxima. Esse volume, estava pela metade na semana anterior.
De acordo com Costa, da FCStone, entre outubro e dezembro, a Índia comprou 245 mil toneladas de açúcar do Brasil. "Há notícias de que agora em janeiro, os indianos voltaram às importações", explica. Depois de altas consecutivas, o açúcar recuou ontem na Bolsa de Nova York. Os papéis com vencimento em maio fecharam o pregão em 12,97 centavos de dólar por libra-peso, queda de 1,8%. No acumulado da semana (desde segunda-feira), o produto teve desvalorização de 1,2%.
Veículo: Gazeta Mercantil