A Eastman Kodak culpou a recessão mundial e a desaceleração dos gastos do consumidor pelo prejuízo que teve no quarto trimestre de 2008 e informou, ontem, que vai eliminar entre 3,5 mil e 4,5 mil empregos como parte de uma reestruturação.
A fabricante de câmeras e equipamentos fotográficos dos Estados Unidos divulgou um prejuízo preliminar de US$ 137 milhões (US$ 0,51 por ação), comparado com o lucro líquido de US$ 215 milhões (US$ 0,75 por ação) do quarto trimestre de 2007. As vendas caíram 24%.
As evidências mais recentes dos problemas pelos quais atravessa a Kodak varreram quase 10% do preço da ação antes da abertura oficial dos negócios na Bolsa de Valores de Nova York, ontem, deixando o papel cotado a US$ 6,40. As ações da Kodak encerraram o pregão de ontem com desvalorização de 29,42%, cotadas a US$ 4,99. Em doze meses, a desvalorização é de 75%.
"O segundo semestre de 2008 passará para a história como um dos períodos mais difíceis para nós em décadas", disse, em comunicado, o executivo-chefe da companhia, Antonio M. Perez.
A Kodak terá este ano despesas de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões com a reestruturação, que vai reduzir sua força de trabalho em 18%. A companhia espera economizar até US$ 350 milhões por ano com os cortes.
Além do enfraquecimento da demanda do consumidor comum, a Kodak também apontou para a redução dos investimentos por seus clientes corporativos. Os problemas mais recentes da Kodak foram desencadeados por uma grande queda na demanda do consumidor e dos clientes empresariais, ao mesmo tempo em que a companhia passa por um período de transição para a fotografia digital, que já dura anos.
Apesar do crescimento dos negócios com câmeras digitais e impressoras jato de tinta, as vendas de filmes fotográficos, que estão em queda, ainda respondem pela parte do leão de seus lucros. A companhia foi lenta na transição enquanto a demanda mudava dos produtos impressos para os digitais, mas no quarto trimestre de 2008 até mesmo as vendas digitais caíram (23%) em relação ao mesmo período de 2007.
Em 2007, a Kodak demitiu 28 mil funcionários, quase metade de sua força de trabalho, numa reorganização que custou US$ 3,4 bilhões. "Vivemos tempos incomuns", disse Perez. "Diante do cenário econômico, estamos nos concentrando nas coisas sobre as quais temos controle."
No mês passado, a Kodak alertou sobre a possibilidade de não conseguir cumprir uma meta de lucros que já havia sido reduzida, em meio a "uma desaceleração dramática dos gastos do consumidor". Na ocasião, a companhia informou que iria "suspender temporariamente" seus pagamentos aos planos de pensão de seus funcionários nos Estados Unidos e acrescentou que os executivos não iriam ter aumentos de salários em 2009. Ontem, a Kodak disse que não haverá aumentos de salários para os funcionários espalhados pelo mundo, exceto quando exigido por lei.
Veículo: Valor Econômico