Carga aérea vê exportação recuar enquanto logística interna avança

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Em 2008, os Tecas registraram redução de 1,98% na exportações, enquanto as importações cresceram 10,07%. A movimentação de cargas no País avançou 3,35%, na comparação com 2007.

 

A maior parte de toda carga aérea que transita - sai ou chega - ao País, passa pelos menos por um dos 33 Terminais de Cargas (Tecas), administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que planeja investir aproximadamente R$ 76 milhões nos Tecas este ano, sendo boa parte desta cifra nos principais hubs (pólos de distribuição) logísticos, nas cidades de Guarulhos (SP), Campinas (SP), Manaus (AM) e Salvador (BA). Mesmo em meio ao imbróglio da queda de braço que envolve atores como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Aeronáutica e o governo federal, sobre quais serão as regras para conceder à iniciativa privada parte dos aeroportos, a estatal segue com o plano de aportes, enquanto o impasse não é solucionado.

 

Mais de 95% das operações de logística aérea são realizadas pelos Tecas da Infraero. No último ano, o saldo das operações seguiu a tendência atual da economia nacional, e observou uma redução de 1,98%, nas exportações, em 2008, na comparação com ano anterior. A queda foi de 283.762 toneladas 278.148 toneladas. Já as importações cresceram 10,07%, passando de 405.268 toneladas para 446.069 toneladas, sendo que a movimentação de cargas dentro do território nacional avançou 3,35%, saltando de 210 mil toneladas para 217 mil toneladas, segundo dados confirmados pela estatal.

 

No balanço geral, o setor de carga aérea da empresa cresceu 4,69%, no ano passado, em relação a 2007, enquanto no período anterior, o incremento (em movimentação), foi de 6%. Apesar do recuo, a administradora aeroportuária, crê que seja possível, registrar crescimento em 2009, ainda que haja reflexos da turbulência econômica. "Estamos construindo uma política de desenvolvimento para o setor de cargas, que deve favorecer o crescimento, mesmo com a crise", comentou Fernado Nicácio, diretor comercial da Infraero.

 

Nicácio, que apesar do mesmo sobrenome não possui parentesco com o presidente da empresa, o brigadeiro Cleonilson Nicácio da Silva, admitiu que a pequena retração demonstrada pelos números, aconteceu em decorrência da desaceleração do último trimestre, mas justificou que será possível avançar, pois essas novas ações que vem sendo planejadas para o segmento de cargas vão "facilitar a captação de novos negócios", como disse.

 

Ainda segundo a estatal, apesar da forte variação do câmbio, fator que inibe as operações do comércio exterior, principalmente as importações, que representam quase 50% das operações logísticas Infraero, estima-se que haverá crescimento global de cerca de 3% na movimentação de cargas até o final deste ano.

 

Dinâmica

 

A Infraero atribuiu a consolidação deste número levando em conta fatores como "a dinâmica do mercado interno, que vem sendo impulsionado por ações estratégicas, desonerando a produção, elevando a oferta de crédito e reduzindo o custo do capital, determinantes para expansão da produção e distribuição de bens e consumo". Na composição do faturamento da Infraero, as receitas geradas pelas cargas, são contabilizadas juntamente com as da área comercial (que loca espaços nos aeroportos para as empresas. Juntas, as duas áreas são responsáveis por 50% do faturamento da Infraero, calculou o executivo.

 

O movimento econômico da carga aérea no Brasil reflete na estratégia que as empresas de logística vem adotando, a exemplo da nacional ABSA Cargo Airline, que ano passado apresentou um plano de ampliar de uma para sete rotas, a malha doméstica, para cidades co mo Manaus (AM), Brasília (DF), Recife (PE), Vitória (ES) e Campinas (SP). Antes, a empresa só trabalhava com o comércio exterior.

 

O transporte aéreo de cargas corresponde a menos de 5% da matriz de transportes, mas abriga os produtos de maior valor agregado, como eletrônicos, médicos e de biotecnologia, além de encomendas urgentes.

 

Investimentos

 

Entre os aportes previstos, estão as principais saídas de carga da Infraero, Guarulhos e Viracopos, em Campinas (a menina dos olhos das privatizações). Respectivamente, eles terão quase a metade do montante, o primeiro recebendo R$ 16,5 milhões e o segundo mais de R$ 20 milhões, em infraestrutura e equipamentos. Por esses dois Tecas, atuam grandes empresas de entregas expressas, como FedEx Express, DHL Express e UPS. Com outro montante significativo, mais de R$ 19 milhões, fica a fatia dos Tecas de Manaus, importante pólo de eletrônicos. Receberão aportes ainda, os terminais das cidades de Salvador, Galeão, Goiânia, Recife, Porto Alegre e Curitiba. No principais terminais atuam grandes empresas de logística, como Global, Panalpina e a Actual.

 

As rodovias, que são responsáveis por mais de 60% do escoamento das cargas no País passam por obras, em regiões distantes do Brasil, como a região amazônica. De acordo com informações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a área terá mais 426 quilômetros pavimentados, a partir deste ano. Parte destas obras malha rodoviária federal, são executadas pelo Exército brasileiro.

 

"Em todas essas obras, que fazem parte do PAC, temos condições de agilizar os trabalhos, já que os projetos estão concluídos e os recursos estão garantidos. Além do mais, milhares de famílias brasileiras aguardam ansiosas a conclusão desses empreendimentos de fundamental importância para a infraestrutura do País e para melhora da qualidade de vida" comentou, Luiz Antonio Pagoto, diretor do DNIT. Pagoto ressaltou que é urgente o cumprimento do cronograma destes empreendimentos. Boa parte das obras executadas pelos batalhões de engenharia está em regiões mais isoladas, como no caso das rodovias BR-230 e BR-319 .

 

Veículo: DCI


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