Fabricantes japonesas sofrem com a crise

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Assim como para as indústrias automobilísticas, a crise internacional, que se agravou a partir de setembro do ano passado, tem sido a grande vilã para as fabricantes de eletroeletrônicos japonesas. Depois da Sony e da Hitachi anunciarem cortes de funcionários, fechamento de fábricas e prejuízos bilionários, ontem chegou a vez da Panasonic, maior empresa de eletroeletrônicos do mundo, e da Casio revelarem más notícias aos investidores.

 

A Panasonic prevê prejuízo de US$ 4,3 bilhões e queda de 15% nas vendas neste ano fiscal, que se encerra no próximo dia 31 de março. Já a Casio revisou para baixo as previsões para o ano fiscal. Segundo a empresa, o lucro líquido deve ser 89% menor que o previsto inicialmente, totalizando 1,5 bilhões de ienes (U$ 16,7 milhões).

 

Além de prejuízos, a Panasonic, que possui 653 unidades de produção no mundo, anunciou ontem que deve fechar também 27 fábricas - 13 delas no Japão - até o final de março. As dispensas de funcionários devem alcançar 15 mil no total até março de 2010 - o que representa cerca de 5% dos 305 mil funcionários -, superando os 8 mil que a Sony havia anunciado no mês passado. Segundo a empresa, ainda não foram definidos onde serão realizados os cortes, mas a maior parte será no Japão.

 

No Brasil, a companhia divulgou nota em que declara que "não há informações sobre possíveis reflexos da decisão da empresa no Brasil". No entanto, de acordo com informações da BBC Brasil, é possível que os trabalhadores das fábricas brasileiras sejam afetados. A Panasonic possui 2 mil funcionários e duas unidades de produção no País, uma em Manaus e outra em São José dos Campos (SP).

 

A companhia, comandada pelo presidente Fumio Ohtsubo, também reduziu o pretendido dividendo a ser pago aos acionistas em 33%, para 30 ienes por ação. "As condições do mercado pioraram muito, particularmente desde outubro", disse a empresa, em comunicado. Segundo a companhia, "a rápida apreciação do iene, a queda no consumo mundial e a maior competição dos preços no mundo" foram determinantes para os maus resultados registrados.

 

E os problemas da Panasonic ultrapassam a queda nas vendas. A empresa também declarou ontem que está atrasada na implementação de sua pretendida aquisição da Sanyo Electric, o que a transformaria também na maior fabricante mundial de baterias recarregáveis. As duas empresas estão na fase de assegurar aprovação para o negócio junto aos órgãos antitruste de 11 países, disse Makoto Uenoyama, diretor da Panasonic.

 

Os prognósticos para os próximos anos para as fabricantes são sombrios. Segundo estimativas do Credit Suisse Group e do Daiwa Institute of Research, a demanda por televisores e câmeras não vai se recuperar antes do ano fiscal que se inicia em abril de 2010.

 

Casio

 

Em comunicado, a Casio afirmou que o colapso do sistema financeiro nos Estados Unidos "não deve afetar seriamente apenas a economia real, mas também é esperado um forte declínio na demanda e no crescimento da economia global".
As vendas de abril a dezembro do ano passado foram de 386,9 bilhões de ienes (US$ 4,3 bilhões), ante 449,4 bilhões de ienes do mesmo período de 2007.
A Casio é fabricante de relógios, calculadoras, câmeras digitais, projetores entre outros produtos eletroeletrônicos.

 

Sony e Hitachi

 

No mês passado, a Sony divulgou que o prejuízo neste ano fiscal será de 260 bilhões de ienes (US$ 2,9 bilhões). Segundo a companhia, que previa lucro de 200 bilhões de ienes no início do ano, o enfraquecimento da demanda, a apreciação do iene e as despesas de reorganização foram responsáveis pela diminuição da previsão de lucro. Mundialmente, a Sony anunciou um plano para cortar 8 mil empregados até 2010, restringir investimentos e economizar US$ 1,1 bilhão por ano. No Brasil, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, a empresa fechou 2008 com 50 funcionários a menos e produção cerca de 30% menor.

 

Na última terça-feira, a Hitachi anunciou uma perda líquida de 371 bilhões de ienes (US$ 4,1 bilhões) entre outubro e dezembro de 2007. O prejuízo programado para o ano fiscal é de 700 bilhões de ienes (US$ 7,82 bilhões), o maior da história da empresa. Os cortes na Hitachi devem ser de 7 mil funcionários. Em comunicado, a empresa afirmou que economias que normalmente apresentavam forte crescimento, como a dos países emergentes, foram afetadas pela crise internacional e não cresceram o esperado, assim como os países desenvolvidos.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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