As vendas do comércio varejista na região metropolitana de São Paulo sofreram queda de 7,4% no último trimestre do ano passado, na comparação com o mesmo período de 2007. Esse foi o primeiro índice trimestral negativo apurado pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) desde 2002, informou ontem a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).
Apesar da expressiva queda, o faturamento do setor registrou nos 12 meses de 2008 crescimento de 1,7% em relação a 2007. Os resultados não apenas em dezembro, mas do último trimestre de 2008 mostram, de acordo com a entidade, a conseqüência da forte queda da confiança do consumidor, que ficou bastante apreensivo quanto às dimensões dos impactos da crise econômica sobre o emprego e consumo.
A retração mensal foi influenciada, principalmente, pelos setores de Concessionárias de Veículos (-13,7%) e Supermercados (-9,5%). Os dois também estiveram em queda em novembro, de 28,4% e 9,2% respectivamente. O desempenho fraco do setor automobilístico já era esperado, em virtude da crise financeira internacional, e a grande participação dos supermercados no varejo foi determinante para a queda, segundo os analistas da Fecomércio-SP.
O presidente da Fecomércio-SP, Abram Szajman, afirma que a crise econômica mundial será determinante não apenas para o movimento do comércio, mas para todo o sistema econômico interno.
"O ciclo de prosperidade que vivenciamos nos últimos anos chegou ao fim. O atual cenário aponta que o problema se dissemina para todos os setores produtivos com uma intensidade e rapidez muito além da prevista, o que torna qualquer previsão de médio ou de longo prazo incerta", afirma.
Para 2009, a expectativa da Fecomercio-SP é de um volume de vendas inferior ao do ano passado. A crise continuará impactando negativamente o comércio varejista, segundo comunicado da entidade, "sem que seja possível, nesse momento, ter uma noção mais clara de suas dimensões e oscilações". No último mês do ano, as vendas do comércio varejista apresentaram queda de 6,8% no contraponto com igual mês de 2007.
"É essencial que o governo federal amplie as medidas no sentido de restaurar a confiança dos agentes econômicos, como a redução da taxa de juros e diminuição da carga tributária, fatores importantes para reduzir os impactos da crise", completa o presidente da Fecomércio-SP, que representa 151 sindicatos patronais, abrangendo cerca de 600 mil empresas - que correspondem a 10% do PIB brasileiro e geram cerca de 5 milhões de empregos.
O comércio de material de construção amargou a primeira queda no faturamento real desde fevereiro de 2006: -1,2% no comparativo com o mesmo mês do ano anterior. O setor fechou 2008 com crescimento de 14,2%, resultado sustentado pelo avanço da massa real de salários, oferta de crédito e aquecimento nas vendas no setor imobiliário nos primeiros meses do ano.
A forte movimentação do mercado imobiliário do início do ano, incrementada pelas carteiras de crédito, também aqueceu as vendas de móveis e decoração. O desempenho geral de 2008 foi positivo, com crescimento de 7,8%, porém, em dezembro, apresentou queda de 4,2%.
Outros segmentos que registraram queda no último mês do ano foram lojas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos (-8% em dezembro e +6,7% no ano); lojas de autopeças e acessórios (-6,5% e -25% no ano); e lojas de departamentos (-6,1% e -11,4% no ano)
O melhor desempenho verificado na PCCV ficou por conta do setor de vestuários, tecidos e calçados, que apresentou alta de 18,2% no acumulado de 2008. Em dezembro, a elevação nas vendas correspondeu a 6,6% ante o mesmo mês de 2007, beneficiadas pelas compras de Natal e a injeção do 13º salário. No entanto, para 2009, a alta do nível de endividamento da população pode impactar negativamente o faturamento, adverte a Fecomercio-SP.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ