Soja deve perder mais de 2,5 mi de toneladas sem hidrovia

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Uma proposta de redirecionamento no curso dos reservatórios para abastecimento da hidrovia Tietê-Paraná, que está com as atividades paralisadas desde maio por falta de chuvas, feita pelo Departamento Hidroviário de São Paulo (DH), foi rejeitada pelo Operador Nacional de Energia Elétrica (ONS). Com isso, o prejuízo ao escoamento de soja, estimado em 2,5 milhões de toneladas, deve superar as expectativas do setor agrícola.

Dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) mostram que, nos trechos entre os canais de Três Irmãos (SP) e Nova Avanhandava (SP), já houve 48,47% em perdas no transporte da oleaginosa durante o primeiro semestre, comparadas ao mesmo período de 2013.

O presidente do Movimento Pró-Logística, liderado pela Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Edeon Vaz, conta que a previsão inicial era que a navegação se restabelecesse em novembro. Seguindo esta data, a projeção de perdas para o período era de US$ 15 por tonelada, um impacto financeiro que poderia chegar a US$ 37 milhões.

"Agora, a ONS disse que só retomarão as atividades de transporte na hidrovia quando vierem as chuvas e o nível do rio aumentar de fato. Desde que a paralisação teve início, não tivemos nenhuma mudança no sentido de compensar as perdas", diz Vaz. Entre os meses de maio e agosto, além da falta de chuva, o nível do calado (distância entre a quilha do navio e a linha de flutuação) baixou ainda mais.

Sob essa perspectiva, o presidente do Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo, Luiz Fernando Horta Siqueira, afirma que existe a possibilidade de restabelecer a navegação através da mudança no curso de outros reservatórios.

"Acima do rio Tietê está uma sucessão de lagos, que passa por Barra Bonita, Ibitinga e Nova Avanhandava, depois chega ao rio Grande. Há como fazer uma manobra e movimentar a água, mas depende da gestão das hidrovias", explica Siqueira.

Questionado sobre a implantação de uma medida emergencial, o diretor-presidente do DH (administrador da hidrovia), Casemiro Tércio, disse ao DCI que foi enviada à ONS uma proposta solicitando a descida de quatro milhões de metros cúbicos de água dos rios Paranaíba e Grande, mas o projeto foi considerado "fora da estratégia" do Operador Nacional de Energia Elétrica.

"Estamos brigando por uma carga que nem é paulista, mas o interesse de São Paulo é tirar os caminhões das estradas. Como as negociações não deram certo, já acionamos nosso departamento jurídico e tomaremos outras medidas, já que é a ONS quem manda nos reservatórios", enfatiza o presidente do departamento.

Em relação à infraestrutura no canal de Nova Avanhandava, Tércio deixou claro que faltam algumas obras que estão em processo de licenciamento ambiental e mesmo se estivessem concluídas, a navegação continuaria paralisada, devido a seca.

"Mesmo que as chuvas se regularizem, serão necessários 40 dias para o restabelecimento dos transportes na hidrovia", diz.

Quem está assumindo o aumento nos custos de logística são as indústrias de processamento. A Caramuru foi a maior prejudicada com aumentos que superam 40%. Cerca de 80% do um milhão de toneladas escoados anualmente pela hidrovia, serão transportados por caminhão. Segundo declaração do vice-presidente, César Borges, a companhia também tomará medidas judiciais sobre o assunto.



Veículo: DCI


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