Por Stella Fontes | De São Paulo
A Suzano Papel e Celulose, segunda maior produtora mundial de celulose de eucalipto, reduziu o volume de produção da matéria-prima em uma de suas fábricas no segundo trimestre, com o objetivo de melhorar a rentabilidade média das operações, e não descarta a possibilidade de lançar mão dessa estratégia novamente. Desde o ano passado, quando realizou uma parada mercadológica em duas fábricas de papel, o presidente da companhia, Walter Schalka, tem reiterado que os preços da celulose não remuneram o acionista de maneira adequada.
"A Suzano continuará acompanhando o mercado com muita atenção e quero dizer claramente que o objetivo da companhia não é maximizar a produção, mas, sim, a evolução da rentabilidade, hoje inadequada em função dos preços da celulose", afirmou Schalka, na sexta-feira durante teleconferência com jornalistas.
Junto com os resultados do segundo trimestre, a Suzano informou que deixou de produzir 30 mil toneladas de celulose na linha 1 da fábrica de Mucuri (BA), que é menos rentável que a linha 2 da mesma unidade. Em 2013, a companhia já havia suspendido por 30 dias a produção de papel de imprimir e escrever não revestido e de papel-cartão nas unidades Rio Verde e Embu, ambas no Estado de São Paulo, por cerca de 30 dias, em razão das condições desfavoráveis dos mercados à época e do impacto negativo sobre a rentabilidade de seus ativos.
Conforme Schalka, a redução de produção de celulose também teve por objetivo "colocar menos pressão sobre o mercado", que ainda está absorvendo a capacidade adicional da nova fábrica da própria Suzano, no Maranhão, e de Montes del Plata, joint venture entre Stora Enso e Arauco no Uruguai. O impacto da iniciativa já está refletido nos resultados do segundo trimestre.
O aumento de 28% do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado no segundo trimestre, na comparação anual, e de 7% frente aos três primeiros meses do ano, para R$ 521 milhões, foi "expressivo" e claramente beneficiado pela entrada em operação da fábrica de Imperatriz (MA), segundo Schalka. "Entretanto, esse crescimento ficou abaixo da nossa expectativa", afirmou.
Contribuíram para esse desempenho, além da decisão de reduzir a produção em Mucuri, a valorização do real, que provocou crescimento menor das receitas com exportação, e a redução dos preços da celulose. O custo com energia também teve impacto relevante no Ebitda trimestral, uma vez que a companhia compra o insumo em Suzano (SP) e vende o excedente da fábrica do Maranhão. Entre abril e maio, houve descasamento dos preços regionais, resultando em desembolso da companhia.
Em junho, porém, já houve equilíbrio entre as operações de compra e venda de energia, e os preços do insumo estão beneficiando a empresa. "Fomos superavitários em julho, de forma que a questão está endereçada", afirmou Schalka. Questões relacionadas ao transporte de celulose a partir da fábrica do Maranhão, que tiveram efeito negativo no segundo trimestre, estão sendo equacionadas.
O presidente da Suzano ressaltou ainda que o percentual das despesas com vendas, gerais e administrativas sobre a receita líquida caiu abaixo de 10% no trimestre, "o que é histórico para a companhia". "As despesas administrativas e gerais e de vendas estão em queda. Por mais um trimestre consecutivo, a companhia reduziu o número", afirmou.
O executivo reiterou que a Suzano manterá os esforços para melhoria da competitividade estrutural e destacou a estabilidade do custo caixa consolidado de produção de celulose de mercado, em R$ 565,10 por tonelada, na comparação anual. Conforme Schalka, o aumento do custo com madeira, resultante da maior participação de madeira de terceiros e da maior distância média na fábrica de Mucuri, e o impacto da inflação têm sido compensados por medidas em busca de maior eficiência e venda da energia excedente na fábrica do Maranhão.
Veículo: Valor Econômico