A Whirlpool, segunda maior fabricante de eletrodomésticos do mundo, anunciou ontem queda de 76% no lucro do quarto trimestre, afetado pela queda nos gastos dos consumidores.
O lucro caiu para US$ 44 milhões, o que representa US$ 0,60 por ação, em comparação aos US$ 187 milhões, ou US$ 2,38 por papel, obtidos no mesmo período de 2007. O resultado ficou abaixo da expectativa média dos analistas consultados, de lucro em termos de ações, de US$ 0,78.
"A severidade e alcance do mau momento econômico mundial aumentaram significativamente nos últimos meses e tiveram impacto substancial na demanda dos consumidores em todas as partes do mundo", afirmou o executivo-chefe da Whirlpool, Jeff Fettig, em comunicado.
O desempenho também foi abalado pelo aumento nos custos dos materiais, oscilações nas taxas de câmbio e um programa de substituição de produtos, por problemas de qualidade com um fornecedor, que custou US$ 32 milhões. A Whirlpool ainda teve de contabilizar US$ 77 milhões em encargos de reestruturação.
As vendas do quarto trimestre caíram 19%, para US$ 4,3 bilhões. Na América do Norte, a queda foi de 18%; na Europa, de 16%; na América Latina, de 26% (ver texto abaixo); e na Ásia, de 10%.
Em outubro, a Whirlpool anunciou o corte de 5 mil empregos, o equivalente a 13% da força de trabalho, dentro dos esforços para cortar custos e adaptar-se ao declínio na demanda. Na ocasião, também anunciou o fechamento de cinco fábricas.
Em todo o ano passado, o lucro da Whirlpool caiu para US$ 418 milhões, ou US$ 5,50 por ação, em comparação aos US$ 640 milhões, ou US$ 8,10 por ação, obtidos em 2007. As vendas anuais caíram 18%, para US$ 18,9 bilhões.
A Whirlpool informou que mais medidas de corte de custo podem vir, uma vez que se depara com algumas das condições econômicas "mais desafiadoras" já enfrentada. Em conferência para analistas, Fettig disse que a companhia projeta alta de US$ 200 milhões nos custos com matéria-prima neste ano. Para compensar, a empresa pretende redesenhar seus produtos para que sejam feitos com menos materiais e componentes simplificados. Também reduzirá os gastos com bens de capital em até 15%.
Nos últimos três meses de 2008, a Whirlpool recorreu a uma linha de crédito de US$ 2,2 bilhões. Ontem, informou que mantém discussões com bancos em busca de uma maior "flexibilidade dentro de sua estrutura de capital". A companhia tem US$ 247 milhões por vencer na linha de crédito rotativo e confirmou que honrou integralmente seus acordos bancários.
Em janeiro, a agência avaliadora de risco de crédito Moody´s reduziu a perspectiva da classificação da Whirlpool para "negativa", atribuindo a decisão à queda nos gastos dos consumidores. A Standard & Poor´s reduziu a classificação da companhia para apenas um degrau acima do status de "junk", referência de alto risco para os investidores, ante a expectativa de que a demanda continuará fraca.
Brasil contribui para queda de 26% nas vendas na AL
A Whirlpool Corporation anunciou ontem, nos Estados Unidos, que as vendas líquidas de sua subsidiária na América Latina caíram 26% no quarto trimestre, totalizando US$ 77 milhões. Se excluídas as oscilações do câmbio, as vendas de eletrodomésticos e compressores apresentaram uma queda de 14%. O Brasil responde por grande parte dos resultados do grupo na região. Além de ser dona das marcas Consul e Brastemp, líderes no mercado brasileiro de linha branca, a Whirlpool controla a Embraco, fabricante brasileira de compressores e a maior indústria do setor no mundo.
"Os resultados refletem a demanda acentuadamente mais baixa por produtos finais na América Latina e por compressores ao redor do mundo", informou a companhia, em comunicado divulgado em seu site.
O lucro operacional das subsidiárias latino-americanas caiu de US$ 156 milhões no quarto trimestre de 2007 para US$ 110 milhões em igual período de 2008. O desempenho foi comprometido pela flutuação do câmbio, queda nas vendas e pelo aumento nos custos das matérias-primas, informou a multinacional americana.
"Esses fatores negativos foram parcialmente compensados por iniciativas de aumento de preços e melhora no mix", informou a empresa. Em igual período do ano passado, a empresa também obteve na América Latina um ganho extraordinário com a venda de um ativo no valor de US$ 15 milhões.
Para 2009, a Whirlpool prevê que os volumes vendidos na região da América Latina fiquem iguais ou caiam 5%.
Veículo: Valor Econômico