As redes "peso pesado" do varejo nacional, que somam faturamento anual de R$ 120 bilhões, intensificaram a pressão junto ao governo federal para que seja agilizada a aprovação do cadastro positivo, criada uma linha de crédito direto para o setor e reduzido o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no financiamento de bens básicos de consumo popular. O intuito é ter os mesmos benefícios que o segmento de veículos conquistou no fim de 2008, medida que culminou na revisão de projeções para este setor, que viu em janeiro novo impulso e aumento nas vendas.
Representadas pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), entidade que congrega 24 companhias do segmento de vestuário a materiais de construção, entregaram a Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, uma lista de reivindicações para estimular o consumo e evitar o desemprego do setor, responsável por 360 mil postos de trabalhos diretos.
Agora, a cúpula da entidade trabalha na definição de um plano de subsídios para chegar ao montante que será apresentado na próxima reunião com o Banco Central. A expectativa é de que, se aprovado, o valor seja repassado até o final do semestre.
Para Luiza Helena Trajano, superintendente do Magazine Luiza e recém-empossada presidente do IDV, "com a criação dessa ferramenta [cadastro positivo], evitaremos que os consumidores que honram seus compromissos sejam punidos, pelos inadimplentes, com taxas injustas". Na terceira maior cadeia de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e móveis do País, formada por 450 unidades, as taxas de juros vão de 1,99% a 6,99% ao mês, dependendo da forma de pagamento.
A respeito da criação da linha de crédito direto para os varejistas nos mesmos moldes do que foi feito para a indústria automobilística, a entidade diz que Meirelles mostrou-se bastante receptivo à ideia, solicitando a formação de um grupo de trabalho para apresentar uma proposta. Em relação à redução do IOF para financiar itens básicos, o presidente do Banco Central propôs um estudo que indique os produtos básicos populares, por segmento de atuação no varejo.
Para companhias como C&C Casa e Construção, Insinuante, Grupo Pão de Açúcar, Livraria Saraiva, O Boticário, Carrefour, Casas Bahia e Ponto Frio, que, juntamente com outras afiliadas, detêm nove mil pontos-de-venda, a manutenção do consumo familiar depende do incremento da renda da população, do emprego e do crédito. Portanto, com o desenrolar deste pacote de ações, o índice de confiança do consumidor aumentará, além de alçar o Produto Interno Bruto (PIB) do País, o inverso de outros países, que criaram dependência de mercado externo e foram mais atingidos pela crise econômica internacional.
Na avaliação de Flávio Rocha, vice-presidente e diretor de Relações com Investidores do Grupo Guararapes Confecções, holding controladora da Lojas Riachuelo, a iniciativa dos empresários do varejo de requerer suas necessidades junto ao poder público é decisiva, pois "dificilmente se aproximavam do governo para apresentar reivindicações ou elaborar planos conjuntos em prol da sociedade", destaca o conselheiro da entidade. A rede da família Rocha possui mais 100 lojas e neste ano deverá intensificar a abertura de lojas no Rio de Janeiro, principal praça da concorrente Leader Magazine.
Outro participante do encontro, Roberto Biewlaski, ex-dono da cadeia de restaurantes, lanchonetes e cafés Viena - vendida ao private equity Advent International em 2007 - e fundador e proprietário da rede Ráscal, formada por oito restaurantes, o caminho foi aberto e agora é preciso trabalhar para concretizar as ações. O empresário Helio Seibel, administrador das Lojas Leo Madeiras, presentes em oito estados, endossa afirmando que "a receptividade do presidente do Banco Central foi muito grande, pois mostramos como o IDV pode ser o fórum dessas discussões para beneficiar todo o mercado."
Representatividade
Em 2008, as entidades representativas dos setores de varejo e serviços se reuniram no "1º Encontro Nacional de Comércio e Serviços" para elaborar proposta de desenvolvimento em prol de maior representatividade no Planalto. Na ocasião, os setores atacadista, supermercadista, de shopping center, franquias, automotor e lojista encaminharam ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio mais verba para financiar o setor. A resposta é esperada no próximo mês.
Com um peso da ordem de R$ 120 bilhões por ano na economia, as 24 maiores redes varejistas do País, entre elas Carrefour, Casas Bahia e C&A, foram ao governo e elencaram suas sugestões para "incentivar" o varejo. As grandes redes querem agilização da aprovação do cadastro positivo, uma linha de crédito direto para o setor e redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no financiamento de bens populares.
Representadas pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), entidade que congrega de empresas de vestuário a material de construção, as empresas entregaram a Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, suas reivindicações. Elas se espelharam nas conquistas do setor de automóveis, cuja redução do IPI de 2008 culminou no aumento das vendas em janeiro último.
Para Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, recém-empossada presidente do IDV, "com a criação do cadastro positivo, evitaremos que os consumidores que honram seus compromissos sejam punidos, pelos inadimplentes, com taxas injustas".
Veículo: DCI